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Yoani dobrou Brasil – e Cuba

(brpress) - Concessão de visto pelo governo brasileiro à blogueira cubana não fez regime castrista autorizar viagem, mas distancia Dilma da política de Lula. Por Sérgio Corrêa Vaz.

(brpress) – Apesar de o governo brasileiro ter concedido visto de turista para a blogueira cubana Yoani Sánchez – a face mais conhecida de oposição ao regime político em seu país – não fez com que o regime castrista de Cuba concedesse autorização de saída da ilha à dissidente. O visto foi solicitado por Sánchez, filóloga por formação, de forma pouco usual: mediante um vídeo com direito à divulgação no YouTube e gravado numa praia de Cuba, que foi ponto de fuga de dissidentes rumo aos EUA.

    O anúncio do visto ao Brasil colocou a cúpula política castrista de Cuba em situação de pressão. A concessão ocorreu seis dias antes da anunciada viagem da presidente Dilma Rousseff ao país, na primeira semana de fevereiro. Yoani, que pretendia falar com Dilma, não obteve sucesso e, segundo fontes oficiais, a presidente brasileira não tratou de direitos humanos na vista à Cuba – somente de cooperação econômica.   

   Ao ativismo da cubana, some-se o fato de, há cerca de um mês, ter morrido, em decorrência de uma prolongada greve de fome, o opositor do regime Wilman Villar – o que provocou críticas, em especial,  na Europa, Estados Unidos, México e Chile. A morte do dissidente não foi publicada, entretanto, em nenhum dos mais de 60 jornais e veículos de imprensa de Cuba.
   
Generación Y

    Em 2004, Yoani Sánchez, que vivia na Suíça, teve de retornar a Cuba, por razões familiares. Casada com o jornalista  Reinaldo Escobar, começou a fazer seu blog Generación Y em 2007,  simplemente como “um exercício de exorcismo pessoal”, como afirmou ao jornal espanhol El País, diante das injustiças sociais presenciadas em Cuba: situação calamitosa dos hospitais, falta de liberdade, discriminação dos cubanos nos pontos turísticos da ilha, falta de oportunidades, cerceamento da internet, etc.

    Em 2009, o Generación Y foi eleito um dos 25 melhores blogs do mundo pela revista Time e pela rede CNN. Yoani recebeu a distinção máxima dos Prêmios BOB, assim como menção especial no prêmio de jornalismo María Moors Cabt, da Universidade de Columbia (EUA). Naquele ano, Sánchez foi buscada no Google cerca de um milhão de vezes e sua biografia na Wikipedia ganhou quase o mesmo tamanho da de Fidel Castro.

    Mesmo com essa notoriedade internacional, Yoani é pouco conhecida em Cuba, onde o acesso à internet é reduzido e privilégio de poucos. Desde março de 2008, as autoridades utilizam um filtro que bloqueia o Generación Y na ilha. Não se sabe também se a blogueira recebe os emails que lhe são enviados sem censura prévia.

Postura brasileira

    A forma de divulgação de um simples visto – mediante nota oficial dirigida à imprensa – não tem precedentes nos últimos anos por parte do ministério brasileiro das Relações Exteriores: “A senhora Yoani Sánchez, de nacionalidade cubana, recebeu convite do cineasta Cláudio Galvão da Silva para comparecer à exibição de estreia do documentário Conexão Cuba-Honduras, em Jequié (BA), prevista para o dia 10 de fevereiro próximo”.

    A decisão do governo brasileiro indica não só um menor alinhamento com a política interna de Cuba, mas também uma discretíssima mudança de postura da presidente Dilma Rousseff em relação ao seu predecessor e padrinho político, Luís Inácio Lula da Silva.

    Em julho de 2007, dois bicampeões mundiais de boxe,  Erislandy Lara, 24 anos, e Guillermo Rigondeaux, 26, desertaram da delegação cubana na Vila Olímpica dos Jogos Panamericanos no Rio de Janeiro e pediram refúgio no Brasil. O asilo não só foi negado como os atletas foram repatriados para Cuba, com a mediação controvertida do então ministro da Justiça, Tarso Genro, e do assessor Internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia.

(Sérgio Corrêa Vaz/Especial para a brpress)

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