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Jornal de papel: ameaçado de extinção.wikipedia.orgJornal de papel: ameaçado de extinção.wikipedia.org

Quem matou o jornal de papel?

(Rio de Janeiro, brpress) - "Dinossauros" das redações Fritz Utzeri e Milton Coelho debatem sobre o futuro do jornalismo, especificamente o impresso. Felipe Kopanski acompanhou.

(Rio de Janeiro, brpress) – Dois craques do jornalismo brasileiro, Fritz Utzeri e Milton Coelho da Graça, discutiram o futuro do jornal diante da revolução digital e suas inúmeras conseqüências,  na última segunda-feira (08/03), no Espaço Cultural Maurice Valansi.  Entre elas a estrutura da mídia e o próprio jornalismo.

A palestra trouxe à tona uma reflexão sobre a atual condição do jornalismo, principalmente o impresso. Entre saudosas recordações e previsões pessimistas, os “dinossauros”, como Utzeri e Coelho da Graça se autodenominaram, buscaram respostas para uma pergunta que não quer calar: até quando teremos jornais de papel?
 
Um aconchegante piano-bar dava a impressão que a noite seria bem sofisticada. Como, de fato, realmente foi. Porém, no lugar da música vieram depoimentos dos dois experientes jornalistas, que evidenciaram uma série de equívocos na atual fase da profissão. Se depender da palestra, o jornalismo impresso realmente precisa ser reinventado para não acabar “morto”, com sua falência descrita nas páginas do papel digital, modelo defendido com ênfase por Fritz Utzeri.
 
Como ponto de partida da discussão, lembranças de um tempo romântico do jornalismo impresso, bem distante de todos os aparatos tecnológicos da atualidade. Através de recordações, ambos relataram as dificuldades de se exercer a função de jornalista “nas antigas”. “Anteriormente a notícia elaborada tinha um grande peso. Era muito mais complicado para desenvolver a atividade. No entanto, as informações do jornal de papel possuíam uma relevância maior para sociedade”, afirma Fritz.
 
Liberdade de empresa
 
Com a introdução de novas tecnologias, o jornal foi cada vez mais se transformando numa empresa, que, assim como qualquer outra, visa acima de tudo lucros e dinheiro. Mas no jornalismo essa relação é mais frágil: os interesses comerciais não podem superar a missão social da profissão, cada vez mais em segundo plano.

Para ambos, hoje em dia, no jornal é possível notar com clareza a falta de equilíbrio entre os interesses privados e a representação pública, principal conceito da atividade. A crise do jornal de papel, como a crise no próprio jornalismo, deixou de ser algo abstrato para se tornar uma incômoda realidade.

“Jornalismo Murdoch” X BBC

Amparada em novas tecnologias e em diferentes formas de se transmitir a notícia, as informações se transformaram, ou se reduziram, em um mero produto comercial, muitas vezes sem pertencimento com o próprio leitor, cada vez menos habituado com a leitura. Para Milton Coelho da Graça , trata-se do “jornalismo Murdoch”, em referencia ao modelo de jornalismo empresarial – de mercado – encabeçado pelo magnata da imprensa britânico.
 
Isso pode ser comprovado com a falta de autonomia das atuais redações perante à área comercial, que prioriza o anunciante e não o leitor. “O jornalismo não é uma empresa como as outras. Acho que o exemplo da BBC (British Broadcasting Corporation), é válido. Sua condição estatal gera uma maior credibilidade, que ainda é a principal arma do jornalismo”, acredita Coelho da Graça. “Estatal somente no Reino Unido. No Brasil, não teria tanta certeza desse sucesso”, rebate Fritz.
 
Competição e crise
 
Ambos também concordam que, ao competir com outros meios de comunicação, o jornal de papel se distanciou ainda mais de uma identidade própria, capaz de justificar sua existência. Hoje, as informações chegam aos leitores com uma agilidade incapaz de ser acompanhada pelo impresso, que também deixa de lado uma possível reflexão para se prender ao factual do cotidiano e a sobreposição da imagem ao texto.

“Não há mais o desdobramento da notícia. Os jornais estão simplesmente retransmitindo os fatos sem uma investigação diferenciada”, critica Milton Coelho da Graça. Para ele, a crise do jornalismo impresso pode ser comprovada com a atual situação dos jornais do Rio de Janeiro. Em breve, a cidade deverá apresentar apenas um grande jornal, concentrado nas mãos das Organizações Globo, que acaba em uma auto-competição com seus diferentes modelos (O Globo, O Dia, Extra e Expresso).

Pior e ruim

Em uma profunda crise – tanto editorial, quanto empresarial – o Jornal do Brasil não chega a vender cinco mil exemplares nas bancas e cada vez conta menos com assinantes. “O jornal vive de credibilidade e o JB já perdeu a dele faz muito tempo. É considerado um jornal 171, praticamente estelionatário”, explode Fritz Utzeri, que atuou por um bom tempo no jornal.

“O Globo, mesmo com toda sua estrutura, inclusive financeira, apresenta um produto final muito ruim. É o principal jornal da cidade e não faz um jornalismo qualificado em vista do seu potencial”, completa o jornalista.

Seja de papel ou digital, o fato é que os jornais precisam de reformulação para não perderem sua função dentro da sociedade e seu comprometimento com o leitor. Uma possível introdução de novas tecnologias não garantirá a sobrevivência da atividade. Se a qualidade editorial, a autonomia e, principalmente o brilhantismo e a criatividade das redações não forem resgatados, o jornal de papel poderá não só deixar de existir, mas não ser mais necessário para articular a representação pública – função primordial da imprensa livre.
(Felipe Kopanski/Especial para brpress)

BOX – O jornal está morto. Longa vida ao jornal

(brpress) – É cada vez maior o número de jornais norte-americanos que estão abandonando o papel e se transformando em jornais eletrônicos, que “circulam” exclusivamente na internet. Temos a impressão de estar assistindo à morte do jornal como o conhecemos. O jornal de papel estará condenado? É difícil dizer. Muitos profetizaram o fim do rádio com o advento da TV e jamais se ouviu tanto rádio como hoje, a partir do momento que este adquiriu portabilidade e mobilidade.

Mas o fato é que a impressão gráfica, junto com a distribuição, são o calcanhar de Aquiles e o responsável pela maior parte do custo de um jornal. São toneladas de papel, quantidades imensas de tinta, frotas de caminhões e aviões para distribuir a uma gigantesca rede de bancas, tudo num ritmo muito rápido para que o leitor possa ter o seu jornal logo que acordar.

Futuro

Qual será a cara do jornal nos próximos 10 anos?  Será impresso em que tipo de papel? Será um papel eletrônico, que na verdade será uma fina lamina maleável e resiliente (isto é, com uma “memória” que o fará retornar a seu estado anterior, mesmo se for amassado ou dobrado), portátil e tão ou mais leve quanto um jornal?

E visualmente? Talvez contará com recursos impossíveis para os atuais leitores dos diários de papel. Uma foto de um acidente, por exemplo, ou de um espetáculo, ao ser tocada ativará um link com som e movimento, mostrando exatamente como o fato se deu (inclusive com narração) ou lhe dará um trailer do espetáculo ou mesmo transmissão ao vivo (em tempo real). 

Jornal de papel digital

Vários jornais europeus estão testando versões digitais enviadas através da internet (sem fio) e “impressos” em telas plásticas finas. O jornal econômico belga De Tijd já distribuiu 200 telas plásticas a assinantes selecionados que recebem e lêem o jornal diariamente em suas casas. As telas são portáteis, conhecidas como e-readers.

O e-reader é feito de uma espécie de papel digital conhecido e-paper, uma fina lâmina dotada de milhões de cápsulas microscópicas contendo pigmentos claros e escuros. Ativadas por uma corrente elétrica essas cápsulas interagem “imprimindo” texto e fotos na folha do e-paper. A matriz  atual é ainda em preto e branco, com 16 tonalidades de cinza.

Todos esses processos da digitalização da informação e do conhecimento (vide os e-Books) estão provocando uma revolução na estrutura da mídia e na própria profissão de jornalista. Enquanto no Brasil ainda se  discute se o jornalista deve ter diploma ou não, as novas tecnologias estão transformando todos os consumidores de conteúdo e informação em geradores dos mesmos.

Essa interação e integração é tão óbvia e inevitável que até mesmo no Jornal Nacional tem matérias sugeridas pelos espectadores. Com a convergência das mídias, tais iniciativas tendem a crescer e não é impossível imaginar notícias transmitidas ao vivo por gente que está no centro dos acontecimentos – sem qualquer vinculo com a profissão de jornalista.

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