Casa de Criadores termina em festa

(São Paulo, brpress) - Entre as novidades, um line up mais enxuto, estilistas escolhidos por júri competente e agilidade dos desfiles. Lucianno Maza conferiu.

(São Paulo, brpress) – Terminou na última quarta-feira (26/05), a 27a. edição da Casa de Criadores que, nesta temporada, trouxe com boas novidades. Entre as mudanças, um line up mais enxuto, com os estilistas participantes escolhidos por um júri competente. Essa diminuição de marcas reflete em outro ponto positivo: a agilidade dos desfiles, que acontecem em sequência e com intervalos rápidos entre eles.

Muito legais – e úteis –, os vídeos que antecedem as apresentações, trazendo entrevistas com os estilistas, contextualizam um clima de balada, o que combina muito bem com o evento, que tem a noite no DNA (André Hidalgo, diretor da CdC, é também dono do Clube Glória).

A adesão de fashionistas tem crescido cada vez mais. Prova disso é a enorme fila de standing e a sala abarrotada de jornalistas, blogueiros e estudantes de moda, que conferem ávidos o evento que abre a temporada da moda brasileira.

Muita franja

Pernambucano, Gustavo Silvestre escolheu o coloridíssimo carnaval de Olinda como tema de sua coleção para o verão, apostando em muita franja (um pouco demais), cordão e ilhós, para arrematar suas amplas e voluptuosas peças com estampas, gigantes ou um pouco menores – mas sempre cheias de cores fortes e cortes e decotes insinuantes como pede a festividade.

O jeans também seu lugar nessa mistura e merece destaque no vestido de recortes. Enquanto isso, os homens de Silvestre brincam de travestir-se de mulher, como no carnaval de rua, e usam turbantes impactantes, vestindo belas túnicas espalhafatosas que, em alguns casos, viram vestidos.

Já no final do desfile, o rico trabalho de bordado do estilista dá as caras em detalhes dourados de vestidos justos, mais sóbrios e escuros, diferentes do início solar.

Arnaldo Ventura: aguado

Inspirando-se no canto do mar, com peixes, sereias, pescadores e Iemanjá, Arnaldo Ventura, ex-Lab (incubadora da CdC), projetou as águas numa passarela virtual, e abriu seu desfile com modelos masculinos em uma espécie de performance.

Em cores clarinhas, surgiram belas calças e camisas em organza, blazers acinturados, coletes e até mesmo uma espécie de corselet masculino. Tecidos mais duros mesclados com a fluidez e transparência de outros e uma modelagem sofisticada, revelaram a ótima alfaiataria de Ventura nesta primeira parte da coleção que, se parasse por aqui, seria uma das mais ousadas e bonitas desta CdC.

Acontece que esta era apenas a introdução. Muitos outros looks (masculinos e femininos) ainda desfilariam por aquela correnteza, abusando do bom efeito de escama de peixe com  círculos de tecido recortados, estamparia marinha levemente desbotada. Sem falar no verde-água nos esvoaçantes vestidos de festa que, ainda que bem acabados, fizeram a já longa coleção ainda mais cansativa.

Navy de Danilo Costa

Também estreando entre os principais da Cdc, Danilo Costa apresentou uma coleção leve e apaixonada chamada Not Just A Summer Love, onde os meninos vestiram peças sem muita ousadia, mas com bom acabamento e inspiração navy. Destaque para sua menina inédita, já que, pela primeira vez, ele apresentou quatro propostas femininas.

Muito verde clarinho e lilás deram o tom da cartela, que tinha ainda o branco e laranja como iluminadores. Blazers em diferentes formatos e macacões apareciam com uma alfaiataria bem executada, ainda que não muito criativa.

Mais inusitados foram os ombreiros, e o melhor de Costa, sem dúvida, são as desejáveis camisetas com boas estampas e pequenos detalhes, que dão uma forma diferente a elas.

Karen Feller no piquenique

Outra que veio do Lab, Karen Feller, agora é comercial. A coleção de verão que desfilou nesta CdC é totalmente comercializável, ou seja, todas as peças – incluindo cintos e calçados – chegarão às suas compradoras. Pensando nisso, uma moda funcional e romântica é a sua opção para passar uma tarde (e noite) de verão.

Muitos babados dão ares de menina à mulher de Feller, com modelos curtinhos e justos, mas preservando certa inocência. As estampas são bem femininas, como o micro-xadrez vermelho e branco das toalhas de piquenique, que de longe dão impressão de um belo rosa claro, e uma delicada estampa de coraçõezinhos turquesas sobre marrom.

O resultado, apesar de competente, é uma moda de loja de shopping, sem muita criatividade.

Festa de Walério Araújo

Queridinho das celebridades de A a Z, Walério Araújo – o estilista mais fervido da CdC –, comemorou seus 40 anos num desfile-celebração onde seus convidados especiais, clientes e amigos, dividiram a passarela com gogo-boys e gogo-girls, além dos modelos.

A entrada apoteótica de Sabrina Sato acompanhada por Gorete (estrela de um quadro de transformação de seu programa Pânico) abriu passagem para gente como Stephany, Mirella Santos, Evandro Santo (Christian Pior), David Brazil, Rosi Campos, André Almada, Celso Kamura e Fernando Torquatto, todos vestindo uma logomarca WA.

Ao som de uma mensagem de aniversário, daquelas bem bregas que se passam por telefone, Araújo desfilou uma coleção lúdica, apostando no clima infantil com muitas miçangas e canutilhos, fazendo às vezes de confeitos e granulados em belos maiôs e sungas.

Muitos desenhos infantis coloriam jardineiras, calças e vestidos (destaque para o look com coelhinhos e um outro vestido de tela por cima). Vale destacar também o sensual maiô rosa com pérolas e o vestido-tenda de circo, que abriu a divertida coleção.

Ponto para quem montou a sequência de desfiles do último dia. Com o início em frevo de Gustavo Silvestre e a comemoração final de Walério Araújo, encerrou esta edição da Casa de Criadores em clima de animação geral: que venham as próximas semanas de moda do país!

(Lucianno Maza/Especial para brpress)