Alicia Keys: liberdade anêmica

(brpress) - Cantora aproveita embalo do recém-lançado e fraco CD The Element of Freedom para gravar clipe no Brasil com Beyoncé e conseguir o máximo de publicidade. Por Ivan Chagas.

(brpress) – O ano mal começou e parece que o Brasil realmente encontra-se na rota das grandes celebridades internacionais. Seja para fazer shows ou para se engajar em causas humanitárias, nomes como Metallica, Cramberries, Madonna e Beyoncé estampam quase todos os dias a primeira página da mídia nacional. Seguindo a tendência, essa semana foi a vez da cantora, compositora e atriz americana Alicia Keys, um dos maiores nomes do R&B feminino dessa década, desembarcar em terras tupiniquins.

Aproveitando o recente lançamento do novo álbum de Alicia, The Element of Freedom e a tunê de Beyoncé Knowles no país, ambas resolveram fazer uma parte das gravações do clipe para a canção Put It in A Love Song, na qual dividem os vocais, nas favelas cariocas Dona Marta e no Morro da Conceição, no Rio. A gravação foi um tremendo circo (assista à reportagem abaixo).

O quarto álbum de estúdio de Keys estreou na segunda posição da Billboard 200, a lista de álbuns mais vendidos em território americano, com 417 mil cópias vendidas, enquanto todos seus trabalhos anteriores debutaram na primeira posição. Talvez isso se deva ao fato de Alicia estar em um momento diferente na carreira, mais madura e estabilizada.

Opaco

Em The Element of Freedom, a cantora de voz doce porém forte, de alcances vocais extremos e talento inigualável desaparece em meio a canções sonolentas, que mais parecem um apanhado das partes melódicas de seus outros álbuns, que, requentadas, formaram um trabalho completamente opaco.

Por mais que seu estilo sempre fosse o R&B clássico, havia sempre um espaço dedicado às baladas pop e batidas hip hop em seus álbuns anteriores. Canções como If I Ain’t Got You, You Don’t Know my Name, No One e a deliciosa Teenage Love Affair resumem perfeitamente a Alicia de ontem, que hoje se pauta na dramaticidade excessiva e na obrigação de colocar de lado seu jeito de menina para mostrar uma face de mulher zen apaixonada, como deixa claro em Doesn’t Mean Anything, That’s How Strong my Love Is e How It Feels to Fly.

Só mesmo o clipe

Das 14 faixas de The Element of Freedom, sendo a primeira apenas uma curta introdução falada por Alicia, todas parecem se repetir – exceto Put It in a Love Song, com a colaboração com Beyoncé. Não à toa, esta foi escolhida para o clipe. No entanto, também deixa a desejar, fazendo-nos querer relembrar parcerias de seus tempos áureos, como com Usher em No One ou com o guitarrista John Mayer, em Lesson Learned.

O carro chefe do álbum, Empire State of Mind, é uma ode à cidade de Nova York. A versão simplista de Alicia acompanha o ritmo anêmico do restante de suas músicas. Mas na versão do álbum do megaempresário, gênio da música e marido de Beyoncé Knowles Jay-Z, a canção ganha roupagem hip hop, rimas sensacionais do e um dos mais belos vídeoclipes já realizados.

Embora apático, não se pode julgar The Element of Freedom como um álbum totalmente descartável. Mas nivelando pelo talento que Alicia Keys tem mostrado ao mundo desde seus precoces 16 anos, quando lançou o multiplatinado Songs in a Mirror, é extremamente difícil não exigir mais que um trabalho enlatado com prazo de validade expirado.

Assista abaixo à reportagem reportagem sobre gravação de clipe de Alicia Keys e Beyoncé no Rio:

(Ivan Chagas/Especial para brpress)