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Kleber Mendonça Filho, diretor de O Som ao Redor.Kleber Mendonça Filho, diretor de O Som ao Redor.

O Som ao Redor do mundo

Conversamos com o diretor do filme brasileiro mais premiado do momento, Kleber Mendonça Filho, no 56o. BFI London Film Festival.

(Londres, brpress) –  O Som ao Redor não é um filme qualquer. Deve decantar como feijão antes de ferver. O Recife que sai do filme entra no corpo do espectador não apenas através dos olhos, mas pelos ouvidos. Arrebata, desnorteia, oscila a lógica. “O som não respeita muros”, diz o diretor Kleber Mendonça Filho, depois da estreia do filme brasileiro no 56o. BFI London Film Festival, o Festival de Cinema de Londres, quando conversou com a reportagem.

“Muito da história brasileira vem da violência e ainda hoje isto é um drama para nós”, continua Kleber. Mas, ao contrário do que se vem fazendo no cinema brasileiro atual, a violência de O Som ao Redor não é um escancarado grito na favela ou um retrato da polícia corrupta, mas construída numa tensão cotidiana, com zoom de câmera e música de suspense ou de terror.

Sons da cidade

A abertura, por exemplo, é clássica. Entretanto, logo vem a inovação. Vê-se nada, escuta-se um carro ou caminhão na estrada. Na terceira parte do filme é que o espectador verá junto imagem e som, aí então ressignificados. Não é comum ouvirmos um som que não pertence à cena, mas saberemos depois qual o contexto.

Em A Conversação, filme com que Francis Ford Coppola ganhou Cannes, também isto acontece. Perguntado se havia alguma referência, Kleber Mendonça Filho admite que sim. “Revi este filme durante a pós-edição de O Som ao Redor. É um grande filme.”

Para o diretor, não foi difícil pensar no som que acompanharia as imagens, porque são os sons da cidade, “fazem parte da minha vida, barulho da noite, o cachorro uivando, o ar-condicionado. Estes sons já estavam no roteiro.”

Narração e interpretação

Também a narração é entrecortada, não há fluxo. A solução do mistério Kleber vai buscar na literatura do nordeste: é o cangaceiro justiceiro, é Lampião, não por acaso citado no filme.

 “Eu queria  ‘desdramatizar’ a atuação, sem nenhuma afetação”, diz Kleber, sobre a interpretação. A tensão é “construída com a câmera” .

Há ainda a arquitetura da cidade do Recife enclausurando as pessoas numa implosão emocional, e uma trilha sonora com hits como Charles Anjo 45, de Jorge Benjor. Enfim, os sons aqui não são para cobrir um silêncio. “O som deve ir além do que você está procurando”, finaliza o diretor, premiado em Roterdã.

O Som ao Redor foi premiado no Festival do Rio como Melhor Longa de Ficção e Melhor Roteiro. Mas é nos EUA que a recepção do filme impressiona. Depois de ser indicado entre os dez melhores do The New York Times e no Top 20 do Film Comment, do cinema Lincoln Center, o longa venceu como Melhor Filme o 3º Prêmio Cinema Tropical, dedicados a títulos da América Latina.

(Maysa Monção, especial para brpress)
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