Conservadores surpreendidos
(Londres, brpress) - Conservadores colombianos, envolvidos numa árdua luta interna, padeceram, assim como seus pares ingleses, do aparecimento de “outsiders”: Antana Mockus e Nick Glegg, respectivamente. Por Isaac Bigio.
(Londres, brpress) – Em maio, a Colômbia e o Reino Unido elegem seus respectivos governos. Os processos eleitorais, nos dois paises, é diferente, mas ambos têm em comum possuir os dois maiores partidos chamados “conservadores” do mundo.
Na Grã Bretanha, desde 2008, o líder conservador David Cameron lidera as pesquisas. No entanto, o que vem ofuscando seus planos de fácil vitória é a irrupção repentina do liberal Nick Clegg, que vem alternando entre o primeiro e segundo lugares nas pesquisas, rompendo o tradicional bi-partidarismo vermelho e azul.
Devido ao complicado sistema de representação uninominal (e não proporcional) do Parlamento britânico, é provável que Cameron, ainda que ganhe em votos, não chegue ao poder, e que os trabalhistas, mesmo ficando em terceiro nas urnas, encabecem um novo governo.
Efeito Colômbia
Noemi Sanin, a ex-embaixadora colombiana em Londres, venceu, por uma ninharia, a nomeação dos conservadores, partido que ficou em segundo lugar nas eleições legislativas de 14 de março. Inicialmente, tudo indicava que o segundo turno seria entre ela e Santos, o candidato de Uribe, já que sua estratégia consistia em apresentar-se aos “anti-uribistas” como um “mal menor”.
No entanto, os conservadores colombianos, envolvidos numa árdua luta interna, padeceram, assim como seus pares ingleses, do aparecimento de um “outsider”. Antana Mockus, o ex-prefeito “verde” de Bogotá, vem superando as intenções de voto de Sanin e disputa, palmo a palmo, com o candidato de Uribe.
Sinais “vermelho” e “verde”
Muita coisa pode acontecer ainda, mas se o resultado das pesquisas se confirmar, os conservadores perderiam a possibilidade de liderar novos governos nestes dois países, devido à incapacidade de ambos de indicar candidatos mais conectados com as demandas dos eleitores.
Na terra dos lordes, esta incompatibilidade se daria devido à repentina irrupção do liberalismo que, paradoxalmente, nesta nação, é uma força que não se encontra na direita, mas à esquerda dos “vermelhos”. Já na terra dos guayabas, é um produto do deslocamento de um chamado “partido verde” que, diferentemente de seus pares na Europa, não se encontra à esquerda do espectro eleitoral, mas como uma variante da centro-direita.
(*) Analista de política internacional, Isaac Bigio lecionou na London School of Economics e assina coluna no jornal peruano Diario Correo. Fale com ele pelo e-mail [email protected] ou pelo Blog do Leitor. Tradução: Angélica Resende/brpress.