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Elizabeth II e Ernesto Geisel, em Londres. Foto: Acervo Fundação Getulio VargasElizabeth II e Ernesto Geisel, em Londres. Foto: Acervo Fundação Getulio Vargas

Livro desvenda bastidores da visita de Geisel a Londres

Autor de A Ditadura que o Inglês Viu conta como visita do general à Inglaterra nos anos de chumbo no Brasil causou tensão diplomática.

(Londres, brpress) – Geisel em Londres é o título do novo livro de Geraldo Cantarino, autor de A Ditadura que o Inglês Viu, No Rio para o lançamento do livro pela Maud X R$ 89), o jornalista e escritor, colaborador da brpress, revela os bastidores da visita de estado do presidente Ernesto Geisel a Londres, entre os dias 4 e 7 de maio de 1976 – bem no meio da ditadura

Foi a primeira visita de estado de um presidente brasileiro ao Reino Unido. Marcada por controvérsias, a visita gerou centenas de correspondências diplomáticas, configurando o episódio com o maior volume de documentos do período da ditadura no acervo do Arquivo Nacional britânico, em Kew. 

Direitos humanos

Desde o início do planejamento da visita, diplomatas britânicos temiam que tal iniciativa enfrentasse dura oposição no Reino Unido, em função das denúncias de violação de direitos humanos no Brasil. O terrorismo do Estado brasileiro contra militantes de oposição à ditadura só aumentava, afetando civis de forma brutal. Casos como a prisão, tortura e morte do jornalista Vladimir Herzog, então diretor de jornalismo da TV Cultura, em São Paulo, escancaravam a violência do regime militar.

A questão-chave era: como conciliar a visita de um chefe de Estado de um regime autoritário a um país com um arraigado discurso em defesa de valores como democracia, Estado de direito e liberdades individuais? “É essa e outras questões que procuro abordar no livro”, diz Cantarino.

Com a “desculpa” de que havia chegado hora de o Brasil retribuir a vista da Rainha Elizabeth II ao país, no conturbado ano de 1968, o embaixador britânico em Brasília à época, Sir David Hunt. Porém, havia muito mais em jogo.

Manifestação anti-Geisel e contra a ditadura no Brasil, em Londres. Foto: Acervo Orlando Brito.
AI-5

Um mês antes da decretação do AI-5 (Ato Institucional no5). Essa visita constituiu um fator determinante que levou o governo brasileiro a encomendar navios de guerra, submarinos, helicópteros, armamentos e munições de empresas do Reino Unido na década de 1970.

“Compreendo que a reputação brasileira na Europa Ocidental esteja arranhada no momento por alegações de tortura em prisões políticas e talvez ainda pelas histórias de genocídio de indígenas da floresta”, escreveu Hunt. 

O intervalo de quase oito anos entre as duas visitas abrange dois momentos cruciais e simultâneos da ditadura brasileira: o chamado “milagre econômico” e os “anos de chumbo”.  De um lado, o crescimento econômico do Brasil despertava o interesse de investidores e de empresas fornecedoras de equipamentos, serviços e armamentos do Reino Unido.

De outro, o período de maior repressão do regime que se seguiu ao golpe civil-militar de 1964 gerava grande preocupação em organizações internacionais de defesa dos direitos humanos. É o que mostra um trecho de Geisel em Londres:

O resto é história. A sugestão do embaixador foi analisada por John Hunter, chefe do Departamento de América Latina do  Ministério das Relações Exteriores britânico. A visita aconteceu, apesar de o momento não ser considerado o mais propício. 

“É nessa tensão, portanto, entre valores comerciais e econômicos e valores humanos que está o ponto central deste livro”, diz o autor.

Cantarino demonstra que os interesses econômicos do Reino Unido no mercado brasileiro falaram mais alto. O Brasil era então o maior parceiro comercial britânico na América Latina e Geisel estava cotado a continuar na presidência, prometendo “abertura” – tudo que os ingleses precisavam para justificar a conexão com um regime que tinha sangue nas mãos.

Resultado de extensas pesquisas em arquivos brasileiros e ingleses, Cantarino revela os bastidores dessa polêmica visita de Geisel, alvo de duras críticas, moções de repúdio, boicotes e protestos contra a brutalidade do regime militar brasileiro, na época, já vigente há 12 anos. 

Mais um trabalho extraordinário unindo história e jornalismo, que abre alas para o que vem por aí em 2024, quando o golpe militar de 1964 completa 60 anos.

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