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Obama com Dalai Lama

(Londres, brpress) - Washington reconhece integridade territorial chinesa, mas corteja movimentos nacionalistas como no Tibete para aumentar poder de negociação com Pequim. Por Isaac Bigio.

Isaac Bigio*/Especial para brpress

(Londres, brpress) – Obama, como seus três predecessores, recebeu o Dalai Lama, que se apresentou como um campeão dos direitos humanos, nacionais e  religiosos do Tibete. Este país, o mais alto do mundo, apesar de ter um idioma e uma grafia muito diferentes dos da China, chegou a fazer parte do império chinês em várias ocasiões.

    Desde 1578 até os anos 1950, o Tibete foi dirigido por 14 Dalai Lamas. Estes sumo-sacerdotes encabeçavam uma autocrática teocracia, que não contemplava a modernidade, as eleições, os direitos trabalhistas e das mulheres. Até hoje, um de seus rituais consiste em alimentar os abutres com carne humana. Quando Hitler governou a Alemanha (1933-45), um de seus espiões foi o educador e guia do atual Dalai Lama.

    Choque político

    Durante o período de 1912 a 1949, o Tibete teve uma independência de fato. Quando, em 1949, Mao fundou a República Popular da China, ele tentou reincorporar o Tibete. Seus intentos de co-governar com o Dali Lama fracassaram porque Mao pretendia realizar a reforma agrária, a industrialização e impor uma economia planificada centralizada, sob a tutela de um partido único comunista. A casta sacerdotal budista estava estabelecida na propriedade feudal e mantinha o controle religioso sobre todas as esferas sócio-culturais.

    Este choque levou, em 1959, o Dalai Lama a refugiar-se na Índia. Desde então, seu governo no exílio vem buscando o apoio do Ocidente para se restabelecer. Atualmente ,o Dalai Lama substituiu seu discurso independentista por um outro de defesa do auto-governo e Pequim vem aceitando alguns graus de autonomia e procurando dialogar com uma ala do clero, mas continua taxando-o de “separatista”.

    Cortejo a nacionalistas

    Washington reconhece a integridade territorial chinesa, mas corteja os movimentos nacionalistas nas regiões periféricas para aumentar seu poder de negociação frente a Pequim. Quando a Casa Branca atiça o Tibete, Xinjiang (Turquestão chinês) e Taiwan, age no sentido de pressionar a China para que liberalize seu sistema partidário, altere o valor de sua moeda e se apóie sua política externa em relação à Coréia do Norte e o Oriente Médio.

    O Tibete aumentará seu peso na política mundial por isto, mas também  porque ali existem vastas riquezas mineralógicas e a China está finalizando a construção de um grande sistema ferroviário, que permitirá o acesso a várias de suas mais distantes regiões.

    China X EUA
 
    A China é a potência produtiva que mais cresce. Tem o idioma mais falado e é o maior mercado da humanidade. Já supera os EUA em várias indústrias de ponta, planeja colonizar outros mundos no espaço e estima-se que, até a metade deste século, sua economia ultrapassará a norte-americana.

    Os EUA a vêem com dois olhos. Por um lado, foi sua aliada contra os soviéticos e vem tecendo muitos laços empresariais com os americanos; por outro, temem ser debilitados por seu agigantamento.

    Linha dura

    Durante sua campanha eleitoral, Obama propunha que sua política exterior se afastasse da forma dura com que Bush tratava a China e a Rússia e que ele buscaria criar pontes até estas nações. Em novembro de 2009, Pequim recebeu Obama buscando chegar a acordos sobre como enfrentar a crise econômica e o aquecimento globais.

    No entanto, não houve consenso em relação a temas cruciais: a China não quis mudar o valor de sua moeda nem impor sanções a seu aliado, o Irã; tampouco cedeu quanto ao uso da internet e a liberalização de seu regime interno.

    “Suavidade” e fúria

    Os republicanos atacaram Obama por sua “suavidade” no trato com os comunistas orientais, e ganharam em Boston uma eleição importante. Pressionado pelos republicanos, Obama, que havia proposto uma “grande mudança”, terminou adaptando sua diplomacia a várias demandas dos neo-conservadores.

    Após reconhecer as eleições em Honduras, ocupar o Haiti e propor maior firmeza frente ao Irã (e Iêmen), Obama anunciou a venda de US$ 6 bilhões em armas a Taiwan, e em 18 de fevereiro recebeu o Dalai Lama.  

    Estas duas últimas ações enfureceram Pequim, que deixou de lado as gentilezas e vem tentando mostrar aos americanos que sem eles não há solução possível para predispor a Coréia do Norte a eliminar suas armas nucleares.

Isaac Bigio

Isaac Bigio vive em Londres e é pós-graduado em História e Política Econômica, Ensino Político e Administração Pública na América Latina pela London School of Economics . Tradução de Angélica Campos/brpress.

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