PM não diz quem são mortos em operação no Guarujá
E nem se teriam relação com a finalidade da violenta ação; Ouvidoria estima que o total de mortes chegue a 19.
(São Paulo, brpress) – Eram oito, depois 10, e depois 12, 13… Até a publicação deste conteúdo havia subido para 14 o número de mortos durante operação da Polícia Militar no morro Vila Baiana, no Guarujá (SP) – um dos mais atingidos pelas chuvas e deslizamentos ocorridos no litoral paulista, no início de 2023. A ouvidoria da PM estima que o total de mortes possa chegar a 19. No entanto, não divulgou a identidade dos mortos e nem se teriam relação com a finalidade da operação.
A operação no Guarujá é uma chacina ao estilo das que se vêem nas favelas do Rio, onde a violência policial atinge civis de forma indiscriminada como uma zona de guerra – “guerra” essa criticada pelos Policiais Antifascismo, como na entrevista ao documentário Agora Eu Quero Gritar.
A chamada Operação Escudo é alinhada com o modelo de “segurança pública” defendido pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite – ambos são contra o uso de câmeras corporais por policiais, que acabaram sendo mantidas e ampliadas.
Um levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em parceria com a Unicef, revelou uma queda drástica da mortalidade de adolescentes em intervenções policiais, contribuindo para a própria segurança dos policiais.
As imagens das câmeras corporais utilizadas por policiais envolvidos nas mortes no Guarujá serão requisitadas pelo Ministério Público durante as investigações.
Pedreiro, desconhecido ou indigente
Sabe-se que entre os mortos na operação estão Cleiton Barbosa Moura, de 24 anos, ajudante de pedreiro preso em 2020, por tráfico de drogas, Fabio Oliveira Ferreira e Rogerio Andrade de Jesus. Os demais apareciam nos BOs como “desconhecido” ou “indigente”.
Enquanto autoridades afirmam que “não houve excesso” por parte dos agentes da polícia e que “operações não vão parar”, a Operação Escudo foi definida como “absolutamente reprovável por uma vingança desproporcional” pelo Sindicato dos Advogados de São Paulo.
Em nota, a entidade, condena “a invasão à comunidade, aparentemente sem nenhum plano, e matando a esmo, torturando, intimidando os moradores, tratando a todos como suspeitos e bandidos”.
Sniper do tráfico
A operação, realizada para, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado, encontrar o culpado por atirar e matar o soldado Patrick Reis,da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), considerada a tropa mais letal da PM paulista, e combater o tráfico de drogas. O suspeito, que seria supostamente um sniper do crime organizado, foi preso, juntamente com 32 pessoas, e foram apreendidos 20 quilos de drogas e 11 armas.
A Ouvidoria da PM também diz que “denúncias” – de abusos da PM – “não param de chegar”, ao contrário do apagão ocorrido no Disque 100, serviço nacional para denunciar violações de direitos humanos – especialmente violência policial – durante o governo Bolsonaro.