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The Dragon of Profit and Private Ownership dentro de igreja medieval de Edimburgo. Foto: Juliana Resende/brpressThe Dragon of Profit and Private Ownership dentro de igreja medieval de Edimburgo. Foto: Juliana Resende/brpress

Dragões e mineradoras em Edimburgo

(Edimburgo, brpress) - O Dragão do Lucro e da Propriedade Privada, obra de Walker e Bromwich, bem que poderia cuspir fogo em Brasília, contra exploração da Amazônia por mineradoras. Por Juliana Resende.

(Edimburgo, brpress) – Arte engajada parece pleonasmo – e é, no caso do Edinburgh Art Festival, um dos festivais que fazem parte da estação dos festivais encabeçados pelo Edinburgh International Festival – a mais quente do ano, transformando a capital da Escócia num enorme e diverso palco global em agosto. 

O festival de arte não é menor que uma bienal e ocupa toda a cidade, de galerias a lugares improváveis como uma igreja medieval. É dentro de uma delas que está “estacionado” um dragão inflável gigante: The Dragon of Profit and Private Ownership [“Dragão do Lucro e da Propriedade Privada”], com o qual os artistas Walker e Bromwich cospem fogo contra os motores do capitalismo. 

Para os brasileiros com mais de 50, o dragão trará memórias horrendas da hiperinflação, fenômeno econômico do qual ele era símbolo muito antes de Game of Thrones. Aliás, não seria má ideia soltar esse dragão em Brasília agora, cuja última façanha foi autorizar a exploração mineral de áreas protegida da Amazônia – isso porque foi uma mineradora a causa do maior acidente ambiental do país, em Mariana (MG). [Após protestos nas redes sociais, Temer impôs novas restrições à exploração mineral].  

Santo Gueddes

O dragão é parte da série Making of the Future: Now (algo como “o futuro é agora”, em tradução livre): esculturas em larga escala feitas para beliscar plateias, acordando-as da inércia rumo a busca de um mundo melhor, mais justo e mais ecológico. Os artistas britânicos evocam velhos e novos pensadores para afinar suas obras aos discursos de ativistas como Patrick Gueddes – quase um santo entre a classe artística e ativista de Edimburgo. 

Explica-se. Patrick Gueddes (18541932) foi um biólogo e filósofo escocês, também conhecido por seu pensamento inovador nos campos do planejamento urbano e da educação. Se suas ideias parecem ousadas em pleno século 21, que dirá no século 19. Geddes acreditava na alternativa ao capitalismo e o dragão de Walker e Bromwich é fruto deste espírito.  

Coincidentemente, o bicho foi inspirado em um protesto de mineiros ingleses – o dragão estava num cartaz do Northumberland Miners Association, de 1924. 

(Juliana Resende/brpress, viajando a Edimburgo a convite da VisitBritain)

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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