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Bitcoin: criptomoeda tem entusiastas e detratores mas investidores só aumentam. Foto: bitcoin.comBitcoin: criptomoeda tem entusiastas e detratores mas investidores só aumentam. Foto: bitcoin.com

Bitcoin virada para a lua

São Paulo-Londres, brpress) - 2018 será crucial para acompanhar evolução do dinâmico universo das criptomoedas, dada a abrupta desvalorização do bitcoin. Mas mercado só cresce. Por Juliana Resende.

(São Paulo-Londres, brpress) – A semana começa com novas notícias, no dinâmico universo das criptomoedas (moedas virtuais ou  dinheiro eletrônico), Nos EUA, bancos como Bank of America, Citigroup, JP Morgan, Capital One e Discover, seguidos pelo banco britânico Lloyds Bank, proibiram a compra de criptomoeadas com cartões de crédito, temendo alto grau de endividamento, dada a abrupta desvalorização do bitcoin no último mês. 

Na Ásia, onde as criptomoedas são muito populares, especialmente na Coreia do Sul e no Japão – onde o governo introduziu checagens rigorosas para evitar fraudes e lavagem de dinheiro –, a movimentação continua intensa. Mas não há nada que proteja investidores da gangorra das cotações.  No Brasil, onde a maioria prefere investimentos ultraconservadores, como a poupança, as criptomoedas estão crescendo em popularidade.  

Caixa de Pandora

A criptomoeda começou 2017 valendo menos de US$ 1 mil (cerca de R$ 3.300 reais) e atingiu sua maior cotação no final de dezembro, chegando a US$19.300 (cerca de R$ 63.690 reais). Bitcoins e afins foram as estrelas da Campus Party Brasil, que aconteceu de 31/01 a 03/02, em São Paulo.

Desde seu surgimento, em 2008, as criptomoedas têm dado o que falar – isso, por quem entende o que elas são. Satoshi Nakamoto – o qual não se sabe se é um pseudônimo de um indivíduo ou um coletivo de pessoas – criou o bitcoin, a mais conhecida criptomoeda. De lá para cá, só uma coisa é consenso: foi aberta a Caixa de Pandora do sistema financeiro, que deve mudar profundamente, já que as criptomoedas não são emitidas nem controladas por governos. 

Descentralizado

Por isso, setores ligados à tecnologia e ao sistema financeiro tradicional têm imensa sede de entender o impacto das criptomoedas que, basicamente, descentralizam o poder dos governos de controlar a emissão de dinheiro e suas cotações. Os desafios são imensos, proporcionais à quantidade de criptomoedas que não param de surgir. Neste contexto de inovação e economia virtual, o bitcoin seria o “dólar” das criptomoedas. 

A Campus Party Brasil teve pelo menos três palestras sobre criptomoedas e, numa delas, se questionou se as mesmas seriam commodities ou moeda de fato, dada a complexidade de sua natureza e utilização – as transações ficam registradas no em blockchains (uma espécie de livro-razão virtual onde todas as movimentações estão escrituradas em criptografia).  

Uma pessoa transaciona com outra e com estabelecimentos que aceitem criptomoedas, eliminando instituições intermediárias. Há quem considere as criptomoeadas algo simples em teoria e não é de se espantar quando mais de cerca de 50% da plateia da palestra Bitcoin no Brasil e as Perspectivas Futuras, que abriu os trabalhos sobre criptomoedas na Campus Party Brasil,  levantou a mão quando perguntado quem já tinha comprado criptomoeda. Afinal, estima-se que há US$ 500 bilhões circulando em ativos digitais (US$ 180 bilhões em bitcoins), independente de regulamentação.  

Pagar para ver

Este admirável – e, de certa forma,  anarcocapitalista – mundo novo já tem  sua nova espécie de dinheiro que o mundo antigo ainda não entende bem. Por esta razão, alguns países, como a China, simplesmente proibiram a circulação e transações em criptomoeadas. Outros querem pagar para ver. O Reino Unido anunciou que seu tesouro foi comissionado para fazer um estudo acerca das criptomoedas, e que papel poderiam desempenhar na economia. O estudo também tem como propósito definir se a regulação de criptomoedas deveria ser considerada. 

A Suíça é o primeiro país a estabelecer regulação para o bitcoin. A Estônia e o Canadá também têm ganhado manchetes pelo seu apetite por moedas virtuais e ambiente favorável à sua circulação. No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que regula o mercado de capitais, decidiu proibir a compra direta de criptomoedas por parte dos fundos de investimento regulados e registrados no Brasil.  

“O Banco Central não recomenda porque acha que as criptomoedas ainda não representam uma ameaça”, diz João Canhada, CEO e co-fundador da Foxbit, uma das maiores corretoras de criptomoedas no Brasil, responsável por entregar o conteúdo na primeira palestra sobre criptomoedas na Campus Party. “Entendemos a posição defensiva do governo brasileiro pois é difícil saber o que é sério e o que é golpe nessa quantidade de moedas que surgem sem que as pessoas consigam acompanhar”, afirma Canhada.  

Crescimento

No entanto, as movimentações de criptomoedas no Brasil crescem avassaladoramente. “Um dado relevante do crescimento do segmento no Brasil é que ele já representa meio porcento do mercado global”, contabiliza Felipe Trovão, sócio-diretor da Foxbit. A empresa já conta com mais de 400 mil clientes.  O negócio vai de vento em popa. 

Em 2017 foram US$ 8.2 bilhões em transações com criptomoedas e também o ano em que o número de investidores brasileiros deu um salto e ultrapassou o total de pessoas físicas cadastradas na Bolsa de Valores de São Paulo. “Acho o momento incrível para empreender em fintechs [empresas do setor financeiro que utilizam a tecnologia – há muito dinheiro e oportunidade na mesa”, acredita Trovão. 

Valor etéreo 

Mesmo com desvalorização de 28% em 2018, o bitcoin segue sendo a criptomoeda mais procurada. Bancos também terão em 2018 – um ano-chave para as criptomoedas – o desafio de se reinventar para não ficar para trás. Trovão, que é pós-graduado em mercado de capitais, com atuação no mercado de ações brasileiro há mais de 12 anos, ressalta que, como qualquer investimento mais sofisticado, é necessário ter educação financeira para aplicar em criptomoedas.  

Elas estão cada vez mais complexas. Desde 2014, uma segunda geração de criptomoedas surgiu, agregando funcionalidades avançadas. O Coin Market Capitalization ou Coin Market Cap [https://coinmarketcap.com/coins/], para os íntimos – uma espécie de bolsa de criptomoeadas – indexa cerca de 1500 moedas digitais e  seus valores. “O preço não é o único predicado das criptomoedas. Seu maior ativo é o pilar de inovação”, explica João Canhada

Entre as criptomoeadas mais inovadoras estão Z-Cash, NEO e EOS. Boa parte delas são criadas e emitidas na plataforma Ethereum. A variação de preço das criptomoedas também assusta. Em janeiro de 2017, um bitcoin valia US$ 1 mil e um ano depois, em janeiro de 2018, valia US$ 9 mil. Mas de dezembro de 2017 até agora sua cotação já caiu. Chegou a bater quase US$ 20 mil em meados de 2017, quando subiu nada menos que 19 vezes  (um aumento de 1.900%). 

Bolha? 

“Não sei se podemos falar em bolha, pois as criptomoedas seguem oscilando e o bitcoin está em tendência de alta por conta da demanda, segundo diversas análises financeiras”, arrisca Trovão. O problema é que quem já enfrenta dificuldades com o economês tradicional encara a criptoeconomia quase como física quântica. 

Quanto bater aquele pânico, lembre-se: criptomoeadas substituem papéis por tokens (chaves virtuais) e são transacionadas em blockchains. Ajudou? Se não, tenha em mente que são ativos de extremo risco e que 2018 será um ano fundamental para acompanhar a evolução das criptomoedas.  

(Juliana Resende/brpress)

Leia mais sobre bitcoin e Compliance aqui.

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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