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Exposição Fashioning Masculinities mapeia moda masculina no V&A. Foto: Andrea KirstExposição Fashioning Masculinities mapeia moda masculina no V&A. Foto: Andrea Kirst

Moda masculina à enésima potência

Exposição Fashioning Masculinities questiona: o que define o gênero masculino e o estilo de vestir do homem atual? Por Andrea Kirst.

(Londres, brpress) – Refletindo uma incandescente revolução de estilo nas ruas, nas mídias sociais e nos tapetes vermelhos, a moda masculina é o território criativo mais fértil da indústria atualmente. 

Não se trata de um modelo de vestido ou um terno em pink desfilado por uma modelono meio de um desfile masculino para “enfeitar” o show. Mas de coleções inteiras sendo adicionadas na lista de desejos/compras não só dos homens, mas também das mulheres mais antenadas, interessadas em uma moda andrógina, fluida, confortável (vinda da tendência “boyfriend”) e poderosa. 

Nos últimos dois a três anos, o calendário de moda masculina passou de coadjuvante à eletrizante. E a moda gender fluid, propondo a abolição de gênero, tornou os lançamentos masculinos tão atraentes quanto os femininos.

Afinal, as barreiras de gênero e símbolos de virilidade deram o lugar a uma cartela de cores inclusiva e a formas e tecidos antes estabelecidos como femininos. 

Efeito Chalamet

É esse zeitgeist representado por  “poster boys” como Harry Styles e Timothée Chalamet – o primeiro vestido de Gucci e o segundo de Haider Ackermann que tem revolucionado o estilo de vestir do homem contemporâneo. 

Esse novo senso fashion serviu de inspiração para o museu londrino Victoria & Albert revisitar os pilares do “tem pra homem“, colocando para jogo seu vasto arquivo de moda masculina, especialmente dos gentlemen ingleses, numa mega exposição: Fashioning Masculinities: The Art of Menswear

Logo na entrada, Fashioning Masculinities – que se traduz em “construir/dar forma à masculinidade”  e atraiu um público eclético até 16 de novembro de 2022 instiga, questionando: o que define o gênero masculino e o estilo de vestir do homem atual?

Segundo o V&A, “Fashioning Masculinities celebra o poder, a arte e a diversidade do vestuário e da aparência masculinos” – a começar pela anatomia. 

A seção Undressed investiga o corpo masculino e as roupas íntimas, observando como os ideais clássicos europeus de masculinidade foram perpetuados e desafiados ao longo dos séculos, do ideal grego a representações modernas e contemporâneas do corpo, a partir de estampas e fotografias de David Hockney, Lionel Wendt, Zanele Muholi, Del LaGrace Volcano e Isaac Julien, para um anúncio da Calvin Klein.

O fascínio da moda pelo corpo fez com que ela apoiasse a mudança dos ideais masculinos, desde evocar os drapeados clássicos com Giorgio Armani, esculpir os músculos, como visto nas roupas de Jean-Paul Gaultier, para celebrar a diversidade corporal.

Tudo à mostra

Neste display de roupas brancas, conjuntos contemporâneos de designers como Ludovic de Saint Sernin e Virgil Abloh para Off White, destacam mostram peças em tecidos transparentes para criar conjuntos, que mostram tudo.

É o que mostra a série de retratos Arrested Movement, de Anthony Patrick Manieri, uma iniciativa de conscientização que celebra e promove a imagem corporal positiva e a auto-estima.

Luxo e riqueza

Undressed termina com a escultura Age of Bronze, de Auguste Rodin, enquanto na próxima sala, Overdressed, está The Tailor, de Giovanni Battista Moroni, uma exuberante pintura renascentista italiana de 1565 (e pertencente à National Gallery), retratando um alfaiate vestido ricamente e que olha para o público de maneira inquisitiva.

Overdressed explora o guarda-roupa masculino de elite. Enquanto os aristocratas do passado empregavam o “overdressing” como uma demonstração de grande riqueza – usando tecidos ostensivos, roupas bordadas e pinturas exuberantes –, atualmente celebridades preferem um terno floral de Billy Porter, usado com uma capa extravagante de forro rosa, de Randi Rahm. 

Ou quem sabe um terno de manga bufante rosa glam rock de Harris Reed, que dá vida nova ao guarda-roupa masculino. Também é impossível não notar a capa de filigrana dourada de inspiração barroca de Dolce & Gabbana, e um casaco de couro de Versace e seus contrapontos barrocos..

De volta ao passado

Overdressed exalta o quão presentes eram as cores e estampas nos trajes masculinos desde o século 17 até os anos 60, e as releituras destes períodos – com destaque para o terno azul usado por Harry Styles, de Alessandro Michele, ex-diretor criativo da Gucci (ele deixou o posto duas semanas após o encerramento da mostra). 

A renomada alfaiataria clássica e contemporânea inglesa e o perfeccionismo londrino dos gentlemen – passando pelo estilo refinado dos dandies do século 19 – são outros destaques.

Terno é pop

A terceira seção, Redressed, investiga o terno – uniforme masculino ambicionado e explorado por mulheres. 

Está ali o o terno original usado por Marlene Dietrich, em 1932, confeccionado pelos alfaiates de Hollywood Watson & Son. A atriz alemã, que glamurizou o uso do traje masculino, tinha ternos feitos por alfaiates em múltiplas cidades. 

Não menos interessantes são as peças usadas por David Bowie (1996), Claudia Schiffer (1996) e Timothée Chalamet (2021), cujo terno de lantejoulas do designer Haider Ackermann foi sensação no Festival de Cinema de Veneza, na premiére do filme Duna.

Redressed também inclui pinturas e extensas fotografias mostrando mudanças de estilos e atitudes – de Oscar Wilde, Claude Cahun e Cecil Beaton aos Beatles e Sam Smith. 

Couro e vestido

Uma seção sobre couro mostra como designers como Tom Ford para Gucci, Hedi Slimane para Dior e Donatella Versace levaram seu interesse pelo couro a um novo patamar. O destaque aqui é uma série de sobrecasacas de meados do século 19 até os dias atuais, incluindo modelos Prada, Alexander McQueen e Raf Simons.

A sala final Dressed é uma festa – com vestidos icônicos usados por Billy Porter, no Oscar, Harry Styles, na capa da Vogue americana, e Bimini Bon Boulash, no programa Ru Paul’s Drag Race UK, brilham  – e provoca. 

Eles por elas

Claire Wilcox, a curadora por trás da exposição Alexander McQueen: Savage Beauty, foi responsável pelo trabalho e pesquisa envolvidos em  Fashioning Masculinities,  desde 2018.

Wilcox e Rosalind McKever, cocuradora, ressaltam que “a moda masculina está desfrutando de um período de criatividade sem precedentes.”

Sobre Fashioning Masculinities, elas ressaltam que “ao invés de uma história linear ou definitiva, esta é uma jornada através do tempo e do gênero, com olhares históricos e contemporâneos, que revelam como a masculinidade tem sido exercida”. Isso, questionando a própria ideia de masculinidade.

(Andrea Kirst,especial para brpress)

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Andrea Kirst

Especializada em Jornalismo Criativo pela New School For Social Research (NY) e Design Experimental de Moda pela Central Saint Martins, em Londres, onde mora há 10 anos, trabalhou na indústria da moda e colabora com a brpress.

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