Microcosmo da África
(brpress) - Editora-executiva da agência, Juliana Resende, mergulha neste país do leste africano, sendo a única jornalista brasileira viajando a convite do International Reporting Project (IRP).
(brpress) – “Hakuna matata”, “karibu” e “harambee” podem ser consideradas a santa trindade cultural do Quênia. São palavras-chave em Swahili, o dialeto africano mais falado no país, paralelamente ao inglês, que querem dizer, respectivamente, “sem problemas”, “bem-vindo” e algo equivalente ao slogan “um país de todos”, usado pelo governo brasileiro para abraçar a diversidade étnica da população. É neste universo que a editora-executiva da brpress, Juliana Resende, vai mergulhar de 18 a 27/06, sendo a única jornalista brasileira viajando a convite do International Reporting Project (IRP).
Criado em 1998, como um dos primeiros programas dos EUA que incentiva o jornalismo independente voltado para assuntos sociais de interesse – e responsabilidade – globais, o IRP já levou mais de 400 jornalistas dos maiores veículos de imprensa de todo o mundo a cerca de 100 países. O objetivo é reportar sobre assuntos relacionados a saúde familiar, saúde e direito reprodutivos femininos e o impacto do crescimento populacional em países em desenvolvimento.
Origem da humanidade
Todo ano, o IRP seleciona 12 editores-sêniores para viajar e reportar sobre um determinado país. O Brasil já teve sua vez e, este ano, foi escolhido o Quênia – cujo território do tamanho da França, a Leste da África, é tido como sendo onde começou a trajetória humana na Terra, há milhares de anos, devido a evidências arqueológicas da presença de hominídeos – ancestrais do Homo Sapiens.
Além desta herança genética da humanidade, o Quênia abriga uma das mais ricas fauna e flora do planeta, inlcuindo mais de mil espécies de pássaros – ideal para “birwatching” –, além dos chamados “big five”: leão, leopardo, búfalo, rinoceronte e elefante – astros dos safaris que o país hoje oferece orgulhosamente em 56 parques e reservas intocadas – 44.440 Km2 (7.6% do território). Uma delas é Ol Pejeta, reserva e ONG para sustentabilidade que está incluída no programa de IRP.
Kibera
Serão dez dias em um cronograma intenso, interessante e não menos diversificado, que inclui desde uma visita a Kibera, considerada a maior favela do mundo, na capital Nairóbi, famosa internacionalmente por ter sido um dos cenários para o filme Um Jardineiro Fiel (The Constant Gardener), do brasileiro Fernando Meirelles.
Em Kibera, líderes comunitários e médicos serão entrevistados sobre políticas para HIV/Aids – mais de dois dos 35 milhões de quenianos são soropositivos. O assunto será apurado também em reportagens em áreas rurais do país como Kogelo, onde fica uma ONG voltada para mulheres, criada e dirigida por Sarah Onyango Obama, avó postiça do presidente dos EUA Barack Obama.
Microcosmo cultural da África – são mais de 70 etnias falando mais de 80 dialetos –, o Quênia é um exemplo para seus complicados vizinhos, como Somália, Sudão, Etiópia e Uganda, apesar dos problemas sociais e políticos. Tendo sido palco de um conflito entre duas forças polarizadas após as eleições presidenciais de 2007, consideradas fraudadas, conseguiu se tornar um país economicamente estável e considerado capaz de seguir sozinho o curso de seu desenvolvimento – que vem progredindo, com diversos percalços, desde a independência do Reino Unido, em 1963, propulsionada pelos rebeldes Mau Mau, numa das guerras coloniais mais controversas do império britânico.
Desafios
Com mais de 85% da população alfabetizada, o Quênia segue como uma das mais proemientes e próperas nações africanas, tendo nas questões de sáude e meio ambiente seus maiores desafios. De 1998 a 2003, o número de gravidezes não desejadas quase dobrou – de 11 para 21%. A expectativa de vida é de 50 anos – 50% na população abaixo da linha de pobreza. O desmatamento para dar lugar a plantações para alimentar a crescente população é um grande problema, assim como a desertificação do solo e poluição. Só 30% da população rural tem acesso a água potável.
Uma das mais antigas e mais ameaçadas culturas do planeta e também um dos destinos turísticos mais populares do mundo, o Quênia tem encantos e preciosidades, do Monte Kenya – o mais alto da África (5.199 metros) e um dos mais largos (a base tem 200km), a animais exóticos como dik-dik (felino do tamanho de um coelho), passando pelas praias de Mombassa, o maior porto africano e pela própria Nairobi que, cosmopolita pela próxima natureza, é a maior e mais moderna cidade do Leste da África e a que mais cresce.
(Juliana Resende/brpress)
Leia mais sobre a viajem para o Quênia pelo International Reporting Project (IRP) aqui.