Acesse nosso conteúdo

Populate the side area with widgets, images, and more. Easily add social icons linking to your social media pages and make sure that they are always just one click away.

@2016 brpress, Todos os direitos reservados.

Modelo veste calça de Renata Brenha feita de camisas de futebol.Modelo veste calça de Renata Brenha feita de camisas de futebol.

Ressaca da Copa? Renata Brenha resolve

Estilista brasileira radicada em Londres recicla camisas de futebol de maneira inusitada e resultado é estiloso e divertido. Por Andrea Kirst.

(Londres, brpress) – Agora que o Brasil está fora da Copa do Mundo 2022, que tal transformar camisas da seleção brasileira e de outros países em peças divertidas e estilosas? Foi isso que a estilista brasileira radicada em Londres Renata Brenha fez para a sua coleção Primavera/Verão 23, que vimos durante uma visita exclusiva a seus ateliê, no intervalo da London Fashion Week 2022.

Renata Brenha criou tops, vestidos, saias e calças juntando diversas camisas de vários times e seleções. Oito camisas de futebol se transformaram numa pantalona plissada, ao estilo Issey Miyake, criando um efeito colorido, refinado e feminino.

“Desta forma, o Neymar pode ficar perto do Messi e não tem qualquer problema”, brinca Renata. 

Tropicália

Renata Brenha se inspira no Brasil – e isso (ainda bem) não depende de ganhar ou perder a Copa do Mundo 2022. Independente de suas raízes latinas e de referências dos mestres da moda Rei Kawakubo, Yoghi Yamamoto e próprio Miyake, o tema da sua nova coleção é brasileiríssimo: a Tropicália

Trata-se do mais importante movimento artístico e musical brasileiro contemporâneo, que, nos anos 60, uniu, de forma única a vanguardista, tradições brasileiras e influências estrangeiras. 

Foi o artista Hélio Oiticica que batizou o movimento. Oiticica se apropriou da “parafernália” tropical, transformando em vestíveis bandeiras e materiais retirados das ruas – onde queria que sua obra estivesse, além dos museus –, incorporando arte ao corpo.

Toalhas de mesa

A coleção Tropicália também tem peças leves, feitas de linho, seda e algodão, com efeito delicado e sofisticado. Há ainda uma sequência de peças roupas feitas de toalhas de mesa e florais tropicais vintage provenientes do final dos anos 60. Plissadas, as toalhas são transformadas em vestidos de verão fáceis de usar. 

Como estamos em Londres, Renata incluiu sua versão de trench coat, próprio para chuva. inspirado nas caixas de Oiticica,  e que têm lindas golas plissadas. Outra peça que chama atenção é o vestido drapeado e minimalista com cinco metros de tecidos, chamado Bandoneon (sanfona argentina).

Moda é uma arte aplicada, como a designer nos lembra. Renata Brenha aplica com sustentabilidade suas referências brasileiras e argentinas (ela morou em Buenos Aires e seu parceiro é o chef argentino Hernan de Majo), como futebol, comida e arte. 

Reciclado e exclusivo

Sua técnica vem do mestrado em moda pelo Royal College of Artem 2019, e suas criações têm alcançado mercados disputados como Japão, Taiwan e China (Hong Kong), estando em breve disponíveis no poderoso e-commerce Matches Fashion.

Em seu estúdio, no descolado bairro londrino de Hackney, no leste londrino, a designer desenvolve técnicas como franzidos manuais e plissagem, e faz um trabalho quase artesanal de reciclagem de tecidos vintage e de estoque ‘morto’. Eles são lavados, selecionados e misturados na criação de produtos únicos – ou “one of a kind”, como ela define. 

Todas as suas peças são numeradas e seus varejistas, especialmente os asiáticos, adoram este aspecto exclusivo. “Atualmente, os compradores entendem que há diferenças em tons de cores ou estampas, pois mesmo grandes marcas estão diminuindo o desperdício e reutilizando roupas ‘encalhadas’ para criar novas coleções”, Brenha explica.

‘Processo natural’

Renata conta que o processo de pesquisa e reciclagem de materiais sustentáveis é “extenuante” e que a parceria com as fábricas na adaptação do design à produção é “constante e crucial”. São justamente estas parcerias com manufaturas, revendedores e rede de contatos, que têm possibilitado a estilista estabelecer seu negócio no Reino Unido ao invés do Brasil. 

“Foi um processo natural. Ao terminar o meu mestrado e apresentar a coleção na semana de moda de Londres, em 2019, me estabeleci aqui”, diz Renata. “Mas tenho muita vontade de produzir e vender no Brasil. No entanto, ainda não surgiu uma oportunidade que faça sentido do ponto de vista financeiro”. Houve ainda um impedimento logístico-ecológico:

“Para a coleção Tropicália, queria muito trazer as camisas de futebol do Brasil, mas a emissão de carbono gerado não compensaria!”

Renata Brenha

Tropicália foi produzida na Inglaterra e chega às lojas europeias e asiáticas em janeiro de 2023. Ate lá, dá tempo de criarmos uma campanha para que craques de seleções desclassificadas da Copa do Mundo 2022 enviem suas camisas para Renata Brenha (risos).

Essa busca por formas alternativas de produção, com técnicas artesanais e seleção criteriosa de materiais que seriam descartados dão a Renata Brenha um status diferenciado como criadora latino-americana no contexto da moda global contemporânea.

Aposte nesta brasileira. Ela bate um bolão!

(Andrea Kirst, especial para brpress)

#brpressconteudo #renatabrenha #moda #futebol #sustentabilidade #tropicalia

Andrea Kirst

Especializada em Jornalismo Criativo pela New School For Social Research (NY) e Design Experimental de Moda pela Central Saint Martins, em Londres, onde mora há 10 anos, trabalhou na indústria da moda e colabora com a brpress.

Cadastre-se para comentar e ganhe 6 dias de acesso grátis!
CADASTRAR
Translate