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Fernanda Vianna é Julieta na montagem do Grupo Galpão do clássico de Shakespeare. Sylvia Morgado/BR PressFernanda Vianna é Julieta na montagem do Grupo Galpão do clássico de Shakespeare. Sylvia Morgado/BR Press

Galpão para inglês ver e ouvir

(Londres, brpress) - Após 12 anos, grupo mineiro emociona em retorno ao lendário teatro de Shakespeare, encenando Romeu e Julieta no festival Globe to Globe. Por Sylvia Morgado.

(Londres, brpress) – Com ingressos esgotados há quase duas semanas, o Grupo Galpão encantou a plateia do festival Globe to Globe, que, pela primeira vez, traz 37 companhias dos quatro cantos do planeta encenando as 37 obras do dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616) em 37 línguas diferentes. O ator Rodolfo Vaz, que interpreta Mercúrio na montagem da cia. mineira, completa: “Acho que essa história só não é mais conhecida que a de Cristo.”

    Ao apresentar uma adaptação de Romeu e Julieta bem brasileira, cheia de cores, elementos de circo, dança e música folclórica brasileira, o Galpão fez jus à expectativa. Afinal, foi a única cia. a retornar  ao palco do lendário teatro Globe, no último final de semana (19 e 20.05), sendo ovacionada.

    Mesmo “para inglês ver” , a peça – já apresentada 300 vezes em 18 países – foi encenada em português para um público formado, em grande parte, por estrangeiros. “Não tive nenhum problema em entender a peca porque não falo português. Tudo foi feito com tanta beleza! Chorei ao final”, contou a italiana Michele Vignola. 
   
    O Globe to Globe é parte do World Shakespeare Festival [LINK http://www.worldshakespearefestival.org.uk/], que começou celebrando o 448o. aniversário de nascimento de Shakespeare, em 23/04, e vai até novembro, reunindo cerca de 70 produções. “É um evento muito bonito, de gente muito apaixonada por teatro”,  define a atriz Fernanda Vianna, a Julieta.

    Com cerca de um milhão de ingressos disponíveis, este ano o World Shakespeare Festival integra a Olimpíada Cultural 2012 – uma série de eventos reunindo teatro, música, cinema e outras artes antes, durante e depois da Olimpíadas e Paraolimpíadas de Londres. São espetáculos que têm tudo para encantar também o público dos Jogos.

Histórico

     Os textos shakespeareanos são encenados no lendário Globe Theatre – ou The Globe: além de palco, ponto turístico londrino construído em 1599, e que teve ninguém menos que o próprio  Shakespeare como um de seus sócios, transformando-o em arena para as representações de suas peças. Depois de destruído em 1613 por um incêndio, reconstruído em 1614 e fechado por puritanos em 1642, o Globe atual é fruto de uma moderna reforma, feita  em 1996. Em 1997, foi reinaugurado como Shakespeare’s Globe Theatre ou New Globe Theatre.

    A apresentação de Romeu e Julieta do Grupo Galpão neste “altar sagrado” de Shakespeare é emblemática, dado o teor da peça: uma tragédia movida pela paixão e desejo de liberdade na velocidade da juventude e impetuosidade dos protagonistas. Para apresentar a obra de Shakespeare mais famosa do mundo, o festival afirma ter sido natural a escolha da “talvez mais famosa produção das Américas”.

Sucesso
   
    A montagem de Romeu e Julieta, originalmente em 1992, é um marco na carreira do mineiro Galpão em colaboração com o diretor Gabriel Vilela, com direito a encenações-espetáculo de um clássico nas ruas de Minas. Desde então, o espírito anárquico e folk da interpretação ‘galponiana’ do texto mais pop do Bardo tem sido um grande sucesso de público e crítica, no Brasil e exterior.
   
    O espetáculo permace praticamente o mesmo. O ator e um dos fundadores do Galpão, Eduardo Moreira, que interpreta Romeu, acredita “que apresentar Romeu e Julieta no Globe aproxima o público dos atores como as ruas, já que a estrutura do palco e plateia permite mais informalidade que teatros tradicionais: “A montagemo fala por si. E o fato de os ingressos terem esgotado mostra o interesse do público. É uma emoção muito grande.”
 
    O inglês Paul Heritage, que trouxe o Galpão a Londres em 2000, estava no ensaio geral do espetáculo, aberto à imprensa. “Quando criou esse festival de 37 pecas em 37 línguas diferentes, o Globe quis trazer de volta o Galpão porque tem uma lembrança muito forte daquele momento”, conta. “É a única companhia de teatro retornando ao Globe”, orgulha-se.

Medalha de ouro

A construção do cenário foi realizada em Londres; figurinos, aderecços e instrumentos fora, trazidos do Brasil, representando 500kg de bagagem no total. Os ensaios para a remontagem comecaram em fevereiro, em Belo Horizonte.
“É um retorno glorioso para todos nós”, dizia o diretor, Gabriel Villela, enquanto recebia amigos do de fora do teatro, onde terminou o espetáculo. “Tenho de ser um pouco superlativo, pois é uma medalha de outro para o Brasil e para o teatro brasileiro”, completou, emocionado.
    O Galpão fez, em suma, uma leitura surpreendente de Romeu e Julieta. “Artistas internacionais se apropriaram de Shakespeare com interpretações tão radicais quando diversas, como a Companhia de Teatro Iraquiana, a brasileira Companhia Bufomecânica – outro representante do Brasil no World Shakespeare Festival [LINK http://festival.london2012.com/events/9000961488] – e o Teatro Nacional do México”, ressalta Michael Boyd, diretor artístico da Royal Shakespeare Company.

    Além da excelência e originalidade do Grupo Galpão, outro fator contribui para que os ingressos estejam esgotados: custam módicas £5 (cerca de R$ 16) a cada sessão. “Shakespeare nos lembra o que é ser humano”, diz Boyd. “Queremos celebrar sua influência em nossas vidas”.  

Popular e globalizado

    A argentina Malu Ansaldo, uma das produtoraas do Globe to Globe, conta que o desafio do festival foi trazer pessoas das comunidades nas quais as línguas são faladas nos espetáculos para o teatro. “Formamos uma nova audiência de comunidades diferentes. Pessoas que muitas vezes nunca foram ao teatro porque não falam inglês estão vindo pela primeira vez pela oportunidade de ter algo na língua delas”, afirma.

Volta a BH

   Romeu e Julieta faz parte do repertório das comemorações dos 30 anos do Galpão e será apresentado no dia 09/07, abrindo o Festival Internacional de Teatro,  em Belo horizonte.

(Sylvia Morgado/Especial para brpress; colaborou Juliana Resende/brpress)

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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