Luz Vermelha acende em SP
(São Paulo, brpress) - Inverno da Luz Vermelha, em cartaz no Teatro Faap, vai de Amsterdã à Paulicéia, mostrando relação de dois amigos e prostituta. Por Lucianno Maza.
(São Paulo, brpress) – Inverno da Luz Vermelha, em cartaz no Teatro Faap, estreou em Nova York em 2005, recebendo indicação ao Prêmio Pullitizer. Baseado em uma experiência biográfica do autor Adam Rapp, o texto conta a história de dois amigos americanos em Amsterdã: um é o músico egoísta, machão e bon vivant incorrigível; o outro um roteirista certinho, tímido e romântico.
Diferentes em suas personalidades os dois ainda assim são melhores amigos e gostam da mesma mulher, atual noiva do glutão e ex do nerd. Culpado, o primeiro leva para o apartamento onde estão na capital holandesa uma bela prostituta do Red Light District: uma falsa francesa, que mistura a volúpia com certa melancolia, despertando o interesse platônico do escritor, já que obviamente é pelo grosseiro que a mocinha se apaixona.
Anos mais tarde, na América, enquanto o roteirista escreve uma peça sobre o que aconteceu naquele inverno na Europa, a prostituta ressurge na vida dos amigos provocando reações bastante diferentes até um final pouco resolvido.
‘Abrasileiramento’
Os diálogos muito bons sobrevivem até às adaptações dos tradutores Eduardo Muniz e Ricardo Ventura que, desnecessariamente, transformaram os personagens em brasileiros e localizaram a ação da segunda parte em um apartamento de São Paulo. Tais “abrasileiramentos” em nada fortalecem o texto, não combinam com o universo estabelecido e geram concessões e piadas sem a menor graça.
A diretora Monique Gardenberg – que já havia se consagrado esteticamente no emblemático Os Sete Afluentes do Rio Ota – encontra agora sua maturidade na direção de atores e a aposta no texto realista. É admirável a forma como ela e a co-diretora Michele Matalon estabelecem os climas a partir das tensões sexuais, com um forte tônus sempre presente nas cenas, interpretadas pelo elenco de forma intensa e precisa.
Elenco bom
Marjorie Estiano, uma das mais charmosas atrizes da nova geração, abusa da sensualidade e acerta o tom sobretudo no primeiro e melhor segmento do texto. André Frateschi consegue estabelecer grande empatia mesmo com o personagem mais arrogante e desinteressante dos três.
O destaque fica para Rafael Primot, que empresta graça e charme desengonçado ao seu personagem, mostrando um tempo cênico bastante bom.
Sessões: sextas, às 21h30; sábados, às 21h; domingos, às 18h. Até 26/09.
Ingressos: R$ 40,00.
(Lucianno Maza, do Caderno Teatral / Especial para brpress)
Teatro Faap – Rua Alagoas, 903; (11) 3662-7233