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Pororoca é a estreia profissional do autor Zen Salles.DivulgaçãoPororoca é a estreia profissional do autor Zen Salles.Divulgação

Pororoca avassaladora

(São Paulo, brpress) - Espetáculo de autor estreante Zen Salles é um achado, uma obra-prima instantânea da dramaturgia brasileira contemporânea. Por Lucianno Maza.
(São Paulo, brpress) – Pororoca marca a estreia no teatro profissional do autor maranhense Zen Salles, oriundo do Núcleo de Dramaturgia Sesi-British Council – projeto pioneiro de formação e fomento de novos dramaturgos em São Paulo. Na peça, em cartaz no Mezanino do Centro Cultural Fiesp, acompanhamos a trama que acontece às margens do Mearim, único rio do Maranhão onde ocorre o fenômeno do encontro de água doce com a do mar que dá nome ao espetáculo.

A história mostra a saga de uma família com sua matriarca, uma velha mística, e seus netos, ao lado de outros personagens da região. Duas crianças costuram os causos do povo ribeirinho, com seus olhares ora ingênuos e bem humorados, ora agudos e assombrados. Até que o foco cai sobre a menina que, como heroína trágica exilada de sua terra, vai para São Luís vingar não apenas a si mesma e sua mãe, mas simbolicamente a todos vilipendiados por forasteiros.

No texto são visíveis influências complementares entre si, como as tragédias gregas de Eurípedes, com seus heróis falíveis, e as tragédias cariocas de Nelson Rodrigues, com seus parentes imorais, ambas vertentes calcadas no núcleo familiar, com sagas em um lugar e através do tempo por onde transcorrem.

Revelação

O autor consegue utilizar essas bases como ponto de partida para sua própria epopéia, usando ainda lendas locais e outros signos que constróem os arquétipos de um texto primoroso. Apesar do peso da afirmação, é seguro dizer que Salles é o maior acontecimento no teatro paulistano esse ano.

A revelação de um dramaturgo, com sua qualidade e precisão técnica, é emocionante. Ao trazer para o texto seu contexto histórico-social, Salles não se limita e sim estabelece o conhecimento profundo e a verdade para transgredir o regionalismo de sua obra e atingir uma potente reflexão sobre a humanidade que povoa não só uma pequena cidade ribeirinha no Nordeste brasileiro, mas também grandes metrópoles.

Direção inspirada

Claro que para o resultado de um texto de alto nível ser pleno em cena é preciso uma direção inspirada e Sergio Ferrara desenvolve um trabalho precioso. A encenação aposta na delicadeza, sem que isso diminua a grande intensidade dramática da história.

O diretor conduz o espetáculo estabelecendo e arrematando perfeitamente as cenas, fluindo mais naturalmente na maior parte dos diálogos, para criar imagens mais complexas e míticas emergidas da ação, atingindo ótimo resultado.

Épico regional

O elenco assume a missão de encenar a peça como verdadeiro épico regional, construindo com riqueza seus personagens. No excelente conjunto, é impossível não destacar a personificação marcante de Juçara Morais, que está irrepreensível como a velha maldita e amaldiçoada.

Pororoca é um achado, uma obra-prima instantânea da dramaturgia brasileira contemporânea.

Sessôes: Quinta a sábado, às 20h30; domingo, às 19h30. Até 19/12.

Entrada franca.

(Lucianno Maza, do Caderno Teatral / Especial para brpress)

Mezanino do Centro Cultural Fiesp – Ruth Cardoso (Sesi) – Avenida Paulista, 1313; (11) 3146-7405

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