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Até que a morte nos separe

(brpress) - Não somos eternos, não somos perfeitos, nossas relações acabam... Só o que fica, o que levamos conosco, são sensações. Por Sandra Maia.

Sandra Maia*/Especial para brpress

(brpress) – Que Deus é esse que nos coloca diante de uma, ou melhor, da história de amor e nos faz tudo perder? Que Deus é esse que tudo nos dá e tudo nos tira? Que Deus é esse?

Esta semana um amigo me confidenciava a morte da sua jovem esposa. Linda, saudável, com uma filhinha de dois anos. Ela se foi, de forma trágica, rápida, quase sem aviso. Acabou. E ele, diante dessa perda, morreu um pouco. Morreu por dentro. Revoltou-se. Não compreendeu, não soube, isto é, não sabe ainda como lidar com a dor que destrói, dilacera o coração, a alma, a vida.

    Ele dizia: “Não sei o que fazer. Não sei como agir cada vez que minha filhinha chama por ela. Éramos tão felizes… Quando a pequena chora, morro de novo e de novo – num circulo que me tira a fé. Tira-me do caminhar. Faz o viver perder o sentido. E, então só o que me resta é questionar. É o morrer – a cada nascer do sol. A cada anoitecer. Ficar com a sensação de que não haverá mais luz do luar, café da manhã na cozinha, viagens divertidas, sinto falta!”

Tempo

    Só o tempo para curar essa ferida diriam os mais velhos com sabedoria. A fé pode ser resgatada. Mas e o amor? O que fazer com essa dor que vai dentro e que se acumula dia-a-dia com a falta, a saudade do que foi permitido viver e do que não mais será possível?

    Fiquei lá inteira com ele ouvindo, tentando compreender aquela mistura de sentimentos que me tocavam profundamente. Não há mesmo como compreender determinadas situações que nos são colocadas no dia-a-dia. Não há mesmo como compreender que a vida tem começo, meio e fim.

Missão

    A questão é sempre: porque não nós? Porque o outro? E, a resposta será sempre a mesma: aceitar, confiar e agradecer que, se estamos aqui, é porque temos ainda o que contribuir. Temos ainda uma missão a cumprir. Temos ainda amor para dar.

    Mas como é complexa toda essa situação. Como é doída a decisão de continuar. Continuar com o que restou, com o que ficou. E, então de novo, uma frase me atormentava a cabeça… “Fique com o que tem”, dizia para ele. “Fique com as lembranças da linda história de amor. Ela é sua, você a viveu, a escreveu. Fique com sua filha. Fique com tudo o que construiu em conjunto. Fique também com a dor, o luto. Fique com tudo o que puder resgatar do que sobrou em você.”

Acreditar

    Acredite no que esta por vir. Acredite no amor. Simples, não? A vida, as histórias, o amor não são simples. Mas é o que temos.
Ficar com o que não temos nos angustia. Faz-nos mal. Negar o amor, a falta, a dor é desumano. Quando juramos amor eterno sabemos que não é para sempre como imaginamos.

    Sabemos que o “até que a morte nos separe” também faz parte. Também está lá… O que conforta então nessa triste história – é saber que ele, apesar da perda, viveu uma história que muitos não viverão em uma vida inteira.

    Foi íntegro, honesto, foi inteiro. Dedicou-se à ela – seu amor – a sua filha e à vida a dois com todas as suas forças. Projetou o futuro, uma história. Fica uma certeza: a morte pode sempre nos separar fisicamente. Isso acontece toda vez que perdemos um ente querido. A morte, no entanto, não nos tira o milagre do amor. Do que vivemos, do que sentimos, do que pudemos e não pudemos.

Presente

    Esse presente é nosso e é isso que nos faz seguir em frente, viver outras histórias, curar as feridas, as marcas, reaprender a dar e receber amor… A morte tanto quanto a vida nos traz lições. Nos mostra nossa fragilidade, nos deixa clara a preciosidade do tempo, do movimento, da atemporalidade.

    Não somos eternos, não somos perfeitos, nossas relações acabam… Só o que fica, o que levamos conosco, são SENSAÇÕES… Felizes então daqueles que, como esse meu amigo, leva consigo história. Levará consigo o que é mais sagrado: o amor. O amor que nos coloca de pé, nos faz fortes.

    Então, meu amigo, ficam aqui meus sentimentos e meu carinho. Siga em frente. Faça novas escolhas, e não negue nunca o que conquistou…

(*) Sandra Maia é autora dos livros Eu Faço Tudo por Você – Histórias e relacionamentos co-dependentes e Você Está Disponível? Um caminho para o amor pleno, editados pela Celebris. Fale com ela pelo e-mail [email protected] ou pelo Blog do Leitor.

Sandra Maia

Sandra Maia é autora dos livros Eu Faço Tudo por Você – Histórias e relacionamentos co-dependentes e Você Está Disponível? Um caminho para o amor pleno, editados pela Celebris, e teve sua coluna licenciada pela brpress ao Yahoo Brasil e A Tribuna (Vitória-ES).

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