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Para André TrigueiroPara André Trigueiro

Rio+20, entre contras e prós

(Rio de Janeiro, brpress) - Apesar das críticas severas das organizações não-governamentais, ambientalistas, cientistas e ativistas, há quem defenda que maior resultado da conferência é engajamento do sociedade.

(Rio de Janeiro, brpress) – Apesar das críticas severas das organizações não-governamentais, ambientalistas, cientistas e ativistas, há quem defenda que a Rio+20 teve, sim, um papel importante senão nas decisões no esclarecimento dos desafios enfrentados para que o planeta atravesse o século 21 com uma perspectiva menos cinza e mais verde.

    Em face ao pouco comprometimento dos governos, ficou evidente o aumento da participação da sociedade civil em questões ambientais – ainda que uma pesquisa realizada pelo Ibope Inteligência mostre que 42% dos entrevistados desconheciam a realização da Rio+20 –, ou ainda que haja necessidade de maior envolvimento e engajamento direto em práticas ambientais sustentáveis, da subsistência ao consumo.

    Dos 58% que se disseram informados sobre a conferência, 83% afirmaram saber que o desenvolvimento sustentável foi o tema central. “O que de importante houve nos dias da Rio+20 aconteceu nos eventos paralelos à cúpula dos chefes de Estado. De viva voz, as pessoas expressam os resultados alcançados. Esse mosaico de ideias e atitudes configura um dos mais belos retratos de como a sociedade civil organizada não desperdiçou tempo no Rio”, escreveu o jornalista e  professor de jornalimo ambiental  da PUC-Rio André Trigueiro, no blog Cidades e Soluções, no G1.

    A Rio+20 deixou claro, no entanto, que, desde a Eco-92, as emissões aumentaram em 48% e 300 milhões de hectares de florestas foram devastados. Houve redução da pobreza mas também o advento da epidemia do HIV/Aids, que drenou recursos e mostrou os horrores do abandono, principalmente na África. Neste cenário, a introdução e prática da “economia verde” tornou-se condição sine qua non para que o planeta siga pelo século 21 sem padecer do efeito estufa provocado pelo aquecimento global.
    
O Futuro que Queremos?

    Nesse sentido, mesmo com pouca objetividade e ação, 192 nações assinaram o documento oficial intitulado O Futuro Que Queremos, contendo diretrizes para sustentabilidade. O diretor-executivo do Greenpeace, Kumi Naidoo chamou a conferência de “um fiasco de proporções épicas”. E declarou: “Não conseguimos O Futuro Que Queremos porque não temos os líderes que precisamos. Os líderes dos países mais poderosos mostraram que querem continuar como estão, vergonhosamente colocando o lucro privado antes das pessoas e do planeta”.

”Nosso trabalho é criar massa crítica, mas caminho é longo e difíci”, admitiu, diplomaticamente, o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, sobre o documento O Futuro Que Queremos. Com Barack Obama, Angela Merkel e David Cameron de fora, os países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) dominaram a conferência. Ficou claro que muito é preciso ser feito nos países em desenvolvimento e que cortes de verbas e doações dos EUA e Europa, em função da crise econômica, são uma realidade a ser encarada de frente.

Coalizão global

    Está claro também que desenvolvimento sustentável deve ser uma prática tanto local quanto global – mas cujas iniciativas têm de andar de mãos dadas. É preciso coalizão, comprometimento de todos os países, com igual seriedade e diligência, neste mundo tão desigual. Não adianta os EUA, os maiores poluidores do mundo, diminuírem suas emissões, se um país africano, como o Quênia, por exemplo, continuar despejando majoritariamente seu esgoto a céu aberto.

Nesta incerta viagem rumo a um futuro melhor não há mocinhos nem vilões. Há, é fato, ricos e pobres digladiando-se mais para encontrar os culpados do que soluções para que o terceiro milênio seja possível de ser alcançado pela humanidade com qualidade de vida, natureza e desenvolvimento em harmonia e com menos desigualdade. É preciso dar o que comer a um em cada seis habitantes da Terra, cuja população cresceu em 1.6 bilhões em 20 anos e a expectativa é de que cresça de 7 bilhões para 9 bilhões em 2050. É preciso erradicar a pobreza extrema, garantindo acesso aos direitos reprodutivos a mulheres dos países mais pobres e conservadores do mundo.

Resultados

Não é tarefa fácil. E a complacência da cúpula oficial da Rio+20 só deixou isso ainda mais explícito. “Avançamos pouco no sentido do futuro que queremos”, insistiu o diretor do Greenpeace. Para secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton “é tempo de seremos otimistas acreditando num futuro mais próspero, onde todos possam se beneficiar do desenvolvimento sustentável, não importa quem seja, não importa onde viva”.

O principal resultado da Rio+20 é o plano para fixar ações de desenvolvimento sustentável – SDGs (Sustainable Development Goals), que o Brasil descreveu como “as jóias da coroa” da conferência. Foi uma forma de postergar acordos e políticas que não foram feitas na Rio+20 até setembro de 2013, para serem discutidos por um “grupo aberto de trabalho” incluindo 30 países. Até 2015, estas questões serão colocadas lado a lado com o que foi alcançado nas chamadas Metas do Milênio (Millennium Development Goals).

“Cidadania ecológica planetária”

    “Há soluções reais para problemas que os governos parecem incapazes de resolver – e estas soluções foram apresentadas no Rio, não somente no centro da conferência”, ressaltou Lidy Nacpil, diretor do Jubilee South, movimento asiático visando equalizar débito e desenvolvimento, em referência à Cúpula dos Povos. A pesquisa sobre a Rio+20 realizada pelo Ibope Inteligência mostra que a maioria dos entrevistados disseram ter hábitos sustentáveis, como separar lixo orgânico de reciclável.

     O principal meio de transporte para mais da metade dos entrevistados (58%) é o transporte público, seguido do automóvel (26%) e da motocicleta (9%). Dos que se locomovem por automóvel, 52% o utilizam por necessidade, 29% por agilidade, 26% por conforto, 9% porque consideram o transporte público deficiente e 7% por privacidade. O estudo mostra também que 76% do universo entrevistado gostaria de se locomover de bicicleta.” A pesquisa foi realizada entre 5 e 15 de junho com 4.360 internautas de todos os estados brasileiros no painel Conectaí, com participação voluntária.

    Para André Trigueiro, o vírus da “cidadania ecológica planetária” tem tudo para se alastrar pelo Brasil e pelo mundo a partir do Aterro do Flamengo. “Você pode até continuar achando que a Rio+20 não teve resultados importantes”, provoca o jornalista. “Mas o fato é que, se os governantes hesitam, há quem tome a dianteira e faça a diferença em favor de um mundo melhor e mais justo. O mundo que nós queremos.”

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