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FOTO - Fernanda Montenegro é um patrimônio do teatroFOTO – Fernanda Montenegro é um patrimônio do teatro

Efeito Fernanda Montenegro

(Rio de Janeiro, brpress) - Entrei em cena sem nenhum gás. Quando soube que Fernanda Montenegro estava assistindo ao espetáculo, fiquei todo serelepe e dei o melhor “de si”. Por Paulo Betti.

Paulo Betti*/Especial para brpress

(Rio de Janeiro, brpress) – Amigos,
Estou em cartaz no teatro com a peça A Tartaruga de Darwin, do jovem autor espanhol Juan Mayorga. Fazemos sessões às terças e quartas, no Teatro dos 4, no Shopping da Gávea. Nosso elenco tem a Cristina Pereira, Vera Fajardo, Rafael Ponzi e eu. Dividimos o palco com o Antonio Fagundes, que ocupa o horário nobre, de quinta a domingo.

 A fachada do Shopping ostenta os cartazes gigantes de nada menos que 8 peças teatrais. Uma verdadeira Broadway tupiniquim, tem peças para todos os gostos.

Já tive a oportunidade de dirigir duas peças no Teatro dos 4. Em 1985, dirigi Assim é Se lhe Parece, de Pirandello. O elenco parecia o de uma novela da Globo: Natalia Timberg, José Wilker, Yara Amaral, Sérgio Britto, Ary Fontoura, Henriquetta Brieba, Vick Militello. Também dirigi ali O Amigo da Onça, com Andréia Beltrão, Eliane Giardini, Sérgio Mamberti, Marcos Breda, Antonio Grassi. Nunca trabalhei no Teatro dos Quatro como ator, sempre como diretor.

Insdisposição

O Rio de Janeiro está cheio de turistas do mundo todo. O shopping está cheio, o teatro estava prometendo bom público, mas, mesmo assim, eu estava um pouco indisposto para a sessão da quarta-feira.

Não sei se foi o calor, ou alguma coisa que comi. Não estava passando bem. Fui para o camarim e, como tinha uma hora para começar a sessão, dormi um pouco. Acordei uns 5 minutos antes, tomei um comprimido e um chá de boldo. Entrei em cena sem nenhum gás, com a cara toda amarrotada e fui cumprindo minha obrigação, aos trancos e barrancos.

Antídoto

Quando saí de cena a primeira vez, o Rafael disse que a Fernanda Montenegro estava assistindo ao espetáculo. Fiquei curado na hora. A febre e o incômodo estomacal foram embora como se eu tivesse tomado um remédio mágico. Fiquei todo serelepe e dei o melhor “de si” em cena. Caprichando em cada inflexão.

Fernanda está com 82 anos! Depois da apresentação foi falar conosco no camarim. Comentou sobre a peça, o público, falou de espetáculos que fez naquele teatro, de colegas que se foram, de idéias para a divulgação. Ela fez ali um dos maiores sucessos do teatro brasileiro: Lágrimas Amargas de Petra Von Kant.

Falou de O Interrogatório, de Peter Weiss, e do impacto que essa peça teve em sua montagem carioca. A peça fala das atrocidades cometidas nos campos de concentração e, pela primeira vez eram mostradas, em slides as fotos que marcaram nossas mentes, as imagens do extermínio. Fernanda comentou como o espetáculo emocionou o público e a colônia judaica, enorme no Rio.

Patrimônio

Ficamos todos em volta dela sorvendo suas palavras e querendo ser inteligentes nas observações e perguntas. Lembrei do Domingos Oliveira, com quem estou ensaiando uma peça, com quem a Fernanda fez, nos anos 70, Do Fundo do Lago Escuro. Ele diz que, quando está perto da Fernanda, sempre dá o melhor de si. Procura parecer esperto, culto, bem disposto. Não que ela exija isso, cobre isso, mas ele é que sente que tem que se comportar assim.

Fernanda é um patrimônio de nosso teatro e de nossa cultura, mas não tem nenhum ranço de estátua em vida. É uma mulher linda, que transparece tranqüilidade em todas as palavras. Adoro ler entrevistas da Fernanda. Nunca a vi falando que a idade é uma benção. Mas também nunca a vi reclamando. Está na luta e sabe a importância que tem para os amigos e para nossa arte de representar.

Nós atores somos frágeis, somos julgados por valores pouco tangíveis. Somos avaliados por nossa aparência e por conceitos imprecisos e variáveis como “talento” e “carisma”, difíceis de comprovar.

Ainda bem que temos a iluminada Fernanda Montenegro. Um parâmetro para aferirmos nossa arte.

Só no outro dia me dei conta que deveríamos ter feito uma foto com ela para mandar para os jornais, seria uma boa divulgação para a peça.

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Em Sorocaba (SP), teve o lançamento da camiseta do Bloco Quilombinho, com muito Maracatu Leão da Vila e uma roda de Samba com o Grupo Panela do Samba, mostrando o que temos de melhor na cidade.

Convocamos todas as pessoas que gostam de música e querem conhecer nosso trabalho. As camisetas estão à venda por R$ 10,00 e o tema deste ano é Quilombinho rumo à África.

(*) Paulo Betti é ator e diretor. Fale com ele pelo e-mail [email protected] .

Paulo Betti

Paulo BettiPaulo Betti é ator e direitor e sua coluna foi publicada pela brpress.

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