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Mais estranho que a ficção 

(brpress) - Esse nome de filme cai como uma luva ao escritor inglês Robert Shearman, no Brasil para falar de seu trabalho com Doctor Who e outras excentricidades. Por Juliana Resende. 

(brpress) – Excêntrico não na aparência, mas histórias que saem de sua mente, o escritor inglês Robert Shearman é bom de conversa e adora falar de seu trabalho – especialmente dos episódios escritos para o seriado que é uma instituição britânica, Doctor Who. No último sábado (28/05), ele conversou sobre seu trabalho em São Paulo, dentro do 15º Cultura Inglesa Festival.Nesta terça-feira (31/05), às 19h, Shearman estará no Rio de Janeiro, no evento A Ficção Científica em Órbita do Rio, que acontece na Blooks Livraria, falando sobre Ficção Científica na TV.

Vencedor do World Fantasy Awards  pelo seu primeiro livro, Tiny Deaths (Comma Press, 2007), Shearman não tem ainda traduções para o português. Prevenido, ele trouxe alguns numa caixa de papelão para vender e autografar nas palestras. Um deles chama atenção pelo título: Love Songs for the Shy and Cynical (Canções de Amor para os Tímidos e Cínicos). Lembra muito obras de outro escritor inglês, Nick Hornby – mas Shearman descarta qualquer semelhança.

Como bom inglês – esta repórter deduz erroneamente de novo – Robert Sherman deve estar apreensivo com  o jogo Barcelona X Manchester United rolando no saguão do hotel, enquanto ele concede esta entrevista. “Eu não gosto de futebol”, revela. “Peguntaram-me se eu gostaria de ir ao Museu do Futebol aqui em São Paulo, mas eu não tive vontade de ir”, confessa, emendando que assistiu à primeira partida de futebol da sua vida há duas semana, no Canadá, e quase morreu de tédio.

Na verdade, Shearman está acostumado ao que chama de “solidão de escritor” e parece se divertir mesmo é com as histórias fantásticas e non sense que inventa – e das quais fala com bastante entusiasmo. Ele, em si, já é divertido o bastante.

Confira a seguir, a entrevista exclusiva que o escritor concedeu à brpress.

Esta é sua primeira vez não só no Brasil., mas na América Latina. Como tem sido sua estadia no país?Robert Shearman – Acho que ainda não aterrissei, pois ainda não sinto meus pés no chão. Mas estou achando fantática essa oportunidade e sinto-me muito mais em casa do que na Índia, por exemplo.

Mas a Índia tem laços estreitos com o Reino Unido por causa da colonização…RS – Sim, claro. Mas a cultura é muito diferente da nossa e da que vejo aqui no Brasil. Lá cometi algumas gafes sérias. Nunca sabia a quem podia me digirir de fato, pois nunca havia lidado com esse necógio de castas, na prática. No Brasil, sinto-me mais em casa. E pelo menos, até o começo da minha palestra, ainda não ofendi ninguém (risos).

Concorda que a ficção britânica é mais racional e crítica que a ficção americana?RS – Na América, tudo é feito para grandes audiências, diferente do Reino Unido… Acho que podemos nos dar ao luxo de nos reinventarmos constantemente – temos uma grande influência da literatura de terror e fantástica. A ficção científica sempre foi coisa séria no Reino Unido.

Seria justo e correto dizer que Perdidos no Espaço é equivalente a Doctor Who em termos de popularidade?RS – Acho que não tem comparação. Perdidos no Espaço é um enlatado muito ruim, com estereótipos e histórias previsíveis. Doctor Who, ao contrário, foi escrito por várias pessoas, por um longo período de tempo, 48 anos, que tiveram a liberdade de levar a série para onde achavam que seria interessante, de acordo com seus humores.

Quando você assumiu a série, como um de seus escritores, em 2005, qual era sua intenção? O que tinha em mente para a série?RS – Quando assumi, como convidado por ser um grande fã da série, tive medo. A responsabilidade era grande, pois Doctor Who estava mal das pernas quando havia sido interrompida e era grande  a chance de acabarmos de vez com a reputação da série e torná-la um completo fiasco. Queríamos que Doctor Who fosse levado a sério e a BBC estava apostando nisso. Foi um grande desafio.

Antes de assumir Doctor Who, para onde escrevia?RS – Para teatro e rádio, escrevia novelas cômicas para a BBC. Eram comédias com elementos de humor negro, onde coisas estranhas aconteciam, com um toque de ficção científica.

Você disse que escrever é um trabalho solitário e que adora quando esse trabalho leva-o a lugares exóticos. Qual é sua rotina para produzir?RS – Sou muito preguiçoso. Então tento enganar meu cérebro e fingir que não estou trabalhando. Para tanto, não trabalho em meu escritório,  mas circulo por cafés em Londres, com meu laptop, e vou pulando de lugar em lugar.

Quantos episódios escreveu para Doctor Who?RS – Sete ou oito, a maioria para o rádio e um ou dois para TV. Fui chamado para fazer TV de novo, mas acho que não tenho tempo agora. Prefiro coisas mais curtas.

Você disse que ser chamado para escrever Doctor Who foi como um presente, como voltar à infância. Fale sobre isso.RS – Sou fã desde os 13 anos. Então, imagine minha felicidade ao ser chamado para colaborar com a série.

Sobre o que fala seu novo livro, Everybody Is Just So, So Special (Todo Mundo É Tão, mas Tão Especial)?RS – É um livro ambicioso e bobo. É um livro estranho… Metade romance, metade ficção científica. São contos sobre a maneira como reagimos às mudanças históricas.

Podemos dizer que você se tornou um nome permanetemente associado à ficção científica pós-moderna?RS – Acho que sim. Você passa a ser identificado por diferentes coisas ao longo de sua vida profissional. Teatro, comédia, ficção. Acredito que a cada fase profissional, nos transformamos em outra pessoa e isso  torna as coisas mais divertidas.

Robert Shearman também está no Twitter: @ShearmanRobert.

Blooks Livraria – Praia de Botafogo, 316 (Unibanco Arteplex);  (21) 2559-8776 / Grátis. facebook.com/blookslivraria & twitter.com/Blooks

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