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Rivaldo Barbosa: empossado chefe da Polícia Civil do RJ um dia antes do assassinato de Marielle. Foto: Fernando Frazão/Agência BrasilRivaldo Barbosa: empossado chefe da Polícia Civil do RJ um dia antes do assassinato de Marielle. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Mandante de assassinato de Marielle foi nomeado em intervenção federal

General Braga Netto nomeou delegado Rivaldo Barbosa para chefia da Polícia Civil do RJ, apesar de negativa da inteligência do orgão.

(brpress) – O delegado Rivaldo Barbosa, preso preventivamente pela Polícia Federal acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ) e do motorista Anderson Gomes, segundo apontam as investigações, foi nomeado chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro pelo então comandante da intervenção federal na segurança pública do estado do RJ, general Walter Braga Netto. ex-ministro da Casa Civil, da Defesa e ex-assessor especial do Gabinete Pessoal do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem foi vice nas eleições de 2022.

O militar também está sendo investigado pelo envolvimento com o plano de golpe de Estado tramado por bolsonaristas – os mesmos que hostilizam os apoiadores de Marielle e menosprezam a violência política contra a paramentar. Essa “repugnância” teria levado os irmãos Brazão, também presos como mandantes do crime, a mandar matar Marielle.

Políticos, polícia e milicianos

Sendo Chiquinho Brazão deputado federal pelo União Brasil-RJ – mesmo partido do atual ministro do Turismo de Lula, Celso Sabino (União Brasil-PA), e da ex-ministra da pasta no atual giverno, Daniela Carneiro, apoiada por milicianos –, o inquérito subiu para o Supremo Tribunal Federal (STF), que expediu os mandados de prisão preventiva. Domingos Brazão, atual conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, é empresário dos ramos imobiliário e transporte, ex-político do PL, partido de Jair Bolsonaro, e foi candidato à prefeitura do Rio, em 2000.

A atividade da vereadora incomodava os Frazão, especialmente contra o negócio de moradias ilícitas, comercializadas por milicianos na zona oeste do Rio, com apoio de políticos e policiais.

Talvez por isso, a nomeação de Rivaldo Barbosa, então chefe da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, para a chefia da Polícia Civil do RJ tenha sido contra-indicada pela inteligência do órgão. Mas Braga Netto bancou a nomeação – que agora, após a prisão de Rivaldo, o militar diz ter sido uma indicação de outro general: o então secretário de Segurança Pública do RJ, Richard Fernandez Nunes.

Intervenção militar federal

Barbosa tomou posse no novo cargo em 13 de março de 2018 – durante mais uma intervenção militar federal para Garantia da Lei e da Ordem (GLO), decretada pelo governo Michel Temer. Assassinada um dia depois com seu motorista, Marielle era crítica das intervenções federais na segurança do RJ, devido à militarização ainda mais truculenta da atividade policial e excesso de violência contra civis nas favelas e periferias pelo Exército, sem efetividade no combate ao crime organizado.

De acordo com a Polícia Federal, 12 horas após a consumação dos homicídios de Marielle e Anderson, Rivaldo nomeou um colega de “extrema confiança” para o cargo de Delegado Titular da Delegacia de Homicídios da Capital — o delegado Giniton Lages, também alvo de busca e apreensão –, responsável pela apuração do crime. Assim, fechava-se um círculo para ”garantia da impunidade dos autores do delito”, segundo a PF.

A confirmação do envolvimento dos Brazão no crime já era esperada. dado seu envolvimento com milícias, assim como os Bolsonaro. Porém, não de Rivaldo Barbosa. “Ele atendeu as famílias no dia seguinte do crime junto comigo”, declarou o então deputado estadual Marcelo Freixo (Psol-RJ), atual presidente da Embratur.

 

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Isso diz muito sobre o Rio de Janeiro.

Marcelo Freixo
Tudo dominado

Segundo a decisão de Alexandre de Moraes, Barbosa planejou “meticulosamente” o assassinato e tinha total ingerência sobre a execução, “com a imposição de condições”. A única exigência de Barbosa, ainda então não empossado chefe da Polícia Civil do RJ, segundo a decisão, era que “a execução não poderia se originar da Câmara de Vereadores”. A preocupação era manter as investigações sob controle.

“Tal exigência tem fundamento na necessidade de se afastar outros órgãos, sobretudo federais, da persecução do crime em comento, de modo a garantir que todas as vicissitudes da investigação fossem manobradas por Rivaldo, então supervisor de todas as investigações de homicídios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro”, escreveu Moraes.

O resultado desta formação de quadrilha é público e notório: “Cinco anos de investigações infrutíferas”, nas palavras do atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, que declarou ter sido respondida a pergunta “quem matou Marielle e por quê?

Mais respostas

Vangloriando-se dos resultados da chamada Operação Murder Inc., iniciadas iniciada no governo Lula da Silva, Lewandowski diz que as investigações são o “triunfo do povo brasileiro contra a criminalidade avançada”, mas admite que também revelam o modus operandi das milícias do Rio de Janeiro, “que é bastante sofisticado”.

Além de ter como alvo autores intelectuais do crime de homicídio, também estão sendo apurados crimes de organização criminosa e obstrução de justiça. A partir disso, com os documentos e informações que serão obtidos por meio dos 12 mandados de busca e apreensão domiciliar e pessoas que também foram expedidos, a expectativa é que outros casos também sejam elucidados.

Estado responsável

ONGs internacionais de defesa dos direitos humanos, como Anistia Internacional e Justiça Global, querem mais respostas e ações. “Exigimos celeridade nos desdobramentos para a elucidação e responsabilização de todos os envolvidos no assassinato”, diz nota oficial da Justiça Global, que responsabiliza o “Estado brasileiro, em todos os seus níveis” pelo crime.

“A munição que matou Marielle pertencia a um lote da Polícia Federal e teria sido desviada. Os atiradores Élcio de Queiroz e Ronnie Lessa eram policiais militares. Maxwell Simões Corrêa, que também participou do assassinato, é ex-bombeiro militar”.

O Instituto Marielle Franco soltou uma nota oficial, ressaltando as conexões dos irmãos Brazão com o Jair Bolsonaro: “Vereador na Câmara Municipal do Rio de Janeiro pelo MDB na mesma legislatura que Marielle, Chiquinho Brazão apoiou a eleição do ex-presidente e também chegou a receber passaporte diplomático durante seu governo”.

Silêncio no Rio

Até a publicação deste conteúdo, nem o governador do RJ, Cláudio Castro e nem o prefeito do Rio, Eduardo Paes, falaram sobre a notícia que aconteceu em seu estado e cidade, abalando o Brasil no Domingo de Ramos (24/03).

Explica-se o silêncio: até fevereiro de 2024, Chiquinho Brazão era secretário especial de Ação Comunitária do município do Rio de Janeiro; e Castro se opôs à indicação do delegado Leandro Almado para chefiar a superintedência da Polícia Federal no Rio de Janeiro, que fez o caso Marielle andar. O governador do Rio solicitou ao presidente Lula que reconsiderasse a decisão – o que não aconteceu.

 

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