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Iêmen: a Arábia infeliz

(Londres, brpress) - País mais miserável e violento da maior península do mundo, a Arábica, também pode depor seu ditador, Saleh. Por Isaac Bigio.
Isaac Bigio/Especial para brpress

(Londres, brpress) – Os dois países árabes que mais vêm se mobilizando para seguir o caminho da Tunísia, no sentido de depor seus ditadores, são o Egito e o Iêmen. Neste último, Ali Abdullah Saleh está no poder há 32 anos. Primeiro, foi presidente do Iêmen do Norte e depois do Iêmen unido, quando este absorveu o do Sul, em 1990.

Enquanto no Egito e na Tunísia só aconteceram revoltas populares, no Iêmen há, além disso, duas grandes insurgências: a pró-Irã do Norte, que é defendida pelos 40% – 50% dos ienemitas que são xiitas; e a do sul, que sente saudades do seu passado “socialista”.

Península Arábica

O Iêmen é hoje o país mais miserável e violento da maior península do mundo: a Arábica. Os romanos diziam que esta estava dividida em três partes: a do noroeste era a de “pedra” (a qual inclui hoje o Sinai e a Jordânia); a do centro e maior era a “desértica” (habitada pelos conflituosos nômades e seus camelos) e a “feliz”, do verdejante sudoeste (onde hoje está o Iêmen). Esta última teve, tradicionalmente, as terras mais férteis, embora não tenha sido abençoada pelas grandes religiões e, menos ainda, pela modernidade.

Na primeira Arábia, apareceram os 10 mandamentos e vários fatos bíblicos, e na segunda estão as cidades mais sagradas do Islã. Em troca, os que vivem na terceira são obrigados a se ausentar por curtos ou longos períodos, seja por sua fé, seja por sua pobreza.

A maior riqueza dos arábicos não está em seu solo, mas em seu subsolo. O ouro negro se encontra debaixo da Arábia desértica  (sobretudo em sua costa leste, no Golfo Pérsico), mas não tanto debaixo da Arábia verde. O Iêmen tem petróleo, mas, diferentemente de todos os seus vizinhos, suas reservas são poucas e estão se esgotando.

Ovelha negra

O Iêmen parece ter se convertido na “ovelha negra” de sua península. Dos 8 estados que a compõe, esta é a única república, o resto são monarquias.
 Os 24 a 28 milhões de ienemitas  constituem a nação mais populosa de sua península, mas também a mais paupérrima. A renda média anual de um ienemita é de US$ 1 mil – 80 vezes menos que a do Qatar. A Arábia Saudita, sua maior vizinha, produz entre US$ 40 e 60 bilhões – umas 20 vezes mais que o Iêmen.

Enquanto 1/5 da população saudita (e muito mais dentro dos Emirados do golfo) são trabalhadores imigrantes, sem direitos legais de cidadania, o Iêmen exporta mão de obra por toda parte. Uma de suas maiores “produções” é a de bebês (uma média de 6 por mulher – 3 vezes mais que no Golfo), devido à alta taxa de mortalidade infantil.

O Iêmen é a pátria da família Bin Laden, a qual expressa a contradição à sua volta. Enquanto Osama lidera a maior rede de terror islâmica anti-ocidental, muitos de seus parentes tornaram-se milionários com o boom da construção, que fez com que em quase  todos os países da Península Arábica (menos o Iêmen) se edificassem os arranha-céus mais altos, luxuosos (e até móveis!) do planeta.

(*) Analista de política internacional, Isaac Bigio vive em Londres, onde lecionou na London School of Economics, e também assina coluna no jornal peruano Diario Correo. Fale com ele pelo e-mail [email protected] ou pelo Blog do Leitor. Tradução: Angélica Campos/brpress.

Isaac Bigio

Isaac Bigio vive em Londres e é pós-graduado em História e Política Econômica, Ensino Político e Administração Pública na América Latina pela London School of Economics . Tradução de Angélica Campos/brpress.

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