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A dupla 6eMeia: resignificando a ruaA dupla 6eMeia: resignificando a rua

6eMeia no Dia do Grafite

(São Paulo, brpress) - Data, celebrada em 27/03, passou praticamente batida em SP, depois da ‘guerra’ do prefeito contra o spray; dupla de grafiteiros expõe em galeria e comenta arte de rua.

(São Paulo, brpress) – Depois de discussões acaloradas nas redes sociais sobre o programa Cidade Linda, da prefeitura de São Paulo, que declarou guerra contra os “pichadores”, colocando grafiteiros no mesmo saco, praticamente passou batido o Dia do Grafite, nesta segunda (27/03). Não para a galeria Gravura Brasileira+2, que chamou a dupla de grafiteiros 6eMeia, para pintar objetos na abertura da exposição coletiva Portfolio 2, no último sábado (25/03). 

6eMeia faz um trabalho surpreendente de resignificação de objetos de rua – bancos, bueiros, hidrantes, calçadas e caixas elétricas –, por meio da pintura. Como dá para ver no Instagram da dupla, formada há 10 anos por Anderson Augusto e Leonardo Dellafuente, peças urbanas, geralmente abandonadas em sua insignificância no cenário de má conservação típica das cidades brasileiras, ganham vida nova. Na expo Portfolio 2, um banco se transformou num piano e crianças logo apareceram para “tocá-lo”. 

Donos da rua

“Continuamos fazendo nosso trabalho, mesmo com a onda de repressão ao “picho” e a controvérsia com relação ao grafite em São Paulo”, diz Leonardo Dellafuente. Ele e o parceiro Anderson fazem arte urbana juntos desde adolescentes, quando se encontraram no bairro da Barra Funda, onde concentra-se a maioria de suas obras, que são feitas com ou sem autorização e/ou comissionamento. “Geralmente, a gente vai lá e pinta. Mas já fomos convidados por órgãos públicos e privados para fazer intervenções urbanas em várias cidades do Brasil e do exterior”, contam.

O trabalho da 6eMeia é muito criativo e não precisa de grande sofisticação para acontecer. “Usamos qualquer tipo de tinta. O que vale é a ideia”, dizem. Mesmo sem saber ao certo como o prefeito de SP João Dória pretende fazer o chamado “grafitódromo” – uma área da cidade onde os grafites autorizados (inspirada no bairro de Wynwood, em Miami, que virou atração turística e é supervalorizado)  serão comissionados pela prefeitura –, a dupla critica o que chama de “falta de diálogo”  e “arbitrariedade” em apagar grafites que foram pagos com o dinheiro público, chegando a custar R$ 1 milhão ao poder público (e ao contribuinte) em repasses a cerca de 250 artistas.

Questão de classe

Por outro lado, a dupla 6eMeia acha que falta também mais coesão na classe artística – especialmente da arte de rua. “Ouvimos dizer que a prefeitura de SP vai pagar R$ 200 mil para quatro murais de grafite, R$ 50 mil para cada artista escolhido. Achamos um absurdo de caro e não apoiamos quem se presta a esse papel. Com esse dinheiro, dá para fazer muito mais”, acredita Leonardo. Menos apagar grafite.

A camada de tinta cinza passada em cima de alguns grafites em São Paulo  foi proibida pelo juiz Adriano Marcos Laroca, da 12ª Vara da Fazenda Pública, ao conceder liminar (decisão provisória até julgamento do mérito) a uma ação popular em defesa das pinturas. Sem a permissão do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo (Conpresp) para a “limpeza”, a prefeitura está sujeita a multa de R$ 500 mil em caso de descumprimento, além de outras sanções.

Leia mais sobre arte pública aqui.

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