Marielle faria 41 dois anos e quatro meses após assassinato ainda não resolvido
(brpress) - Enquanto Instituto Marielle Franco busca valorizar legado da ex-vereadora e ativista de direitos humanos, crime continua encontrando barreiras para resolução e ligações com clã Bolsonaro.
(brpress) – Neste 27 de julho, Marielle Franco, faria 41 anos. O instituto com seu nome criado para continuar trabalho da ex-vereadora anunciou que abrirá a Escola Marielles, em 2021. Os recursos foram obtidos por meio de financiamento coletivo. O Instituto Marielle Franco busca valorizar o legado da feminista e ativista de direitos humanos assassinada há dois anos e quatro meses – um crime ainda sem solução.
A Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) indiciou por tráfico internacional de armas o PM reformado Ronnie Lessa – preso e acusado pelos homicídios de Marielle e do motorista Anderson Gomes. Segundo o delegado Marcus Amim, titular da delegacia, Ronnie traficava armas dos Estados Unidos desde 2014 com a ajuda da filha, que morava no país. Mohana Figueiredo e também foi indiciada.
“Até pouco tempo antes de ser preso, ele estava praticando essa atividade”, explicou Amim. Na casa de Lessa, foram encontrados 117 fuzis incompletos. O arsenal, segundo a delegacia, era todo falsificado e seria vendido a criminosos.
Bala “misteriosa”
Quando a vereadora Marielle Franco e o seu motorista, Anderson Gomes, foram assassinados no Rio de Janeiro, em março de 2018, investigadores encontraram no local do crime munições vendidas exclusivamente para a Polícia Federal. Esse fato chamou a atenção do Ministério Público Federal, que pediu a instauração de um inquérito.
Dois anos depois, as apurações conduzidas pela PF não esclareceram como executores da então vereadora do PSOL tiveram acesso a munições de uso restrito. Com isso, o delegado responsável pelo caso pediu o arquivamento do inquérito.
Mas o Ministério Público Federal não aceitou. No dia 29 de junho, o procurador Eduardo Benones solicitou o aprofundamento da investigação para esclarecer o “mistério”.
Escritório do Crime
O responsável pela investigação da morte da vereadora Marielle Franco, delegado Daniel Rosa, afirmou no final de junho que o grupo denominado Escritório do Crime não tem ligação com a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. “Não temos comprovação de que Ronnie Lessa teria intergrado o Escritório do Crime, apesar dele ter uma certa aproximação com estes criminosos”, explicou o delegado.
Em março deste ano, a Justiça determinou que Ronnie e o ex-PM Élcio Queiroz seja julgados por júri popular pelas mortes de Marielle e Anderson. A impunidade é um dos fatores que levaram o Brasil a um retrocesso, segundo o relatório Direitos Humanos nas Américas: Retrospectiva 2019, da Anistia Internacional.
O suposto envolvimento de Jair Bolsonaro no caso do assassinato da então vereadora do partido de esquerda Psol poderia levar a investigação ao Supremo Tribunal Federal (STF), pelo fato de o presidente ter foro privilegiado. Um dos envolvidos na morte de Marielle anunciou na portaria do condomínio que iria à casa de Bolsonaro, mas foi para a do ex-policial militar Ronnie Lessa, que mora no mesmo condomínio que o presidente do Brasil. Mas ficou provado que Bolsonaro estava em Brasília naquele dia.
Advogado de miliciano e Flávio
No entanto, as ligações entre o clã Bolsonaro, seus advogados e a milícia fluminense ganharam um novo elo: o advogado que assumiu a defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos RJ) no inquérito das rachadinhas. Rodrigo Roca já defendeu o miliciano Orlando Oliveira Araújo, que liderava um grupo de paramilitares que atuavam em Curicica, na zona oeste do Rio de Janeiro.
Orlando Curicica, como o ex-policial é conhecido, chegou a ser apontado por uma testemunha como o mandante do assassinato de Marielle e Anderson, ocorrido em 14 de março de 2018. Porém, a acusação foi desmentida quando Orlando denunciou uma trama para obstruir as investigações, incluindo uma testemunha falsa. Ele está preso no presídio federal de Mossoró (RN).
Ainda durante a investigação, foi Orlando Curicica quem denunciou, em 2018, o envolvimento dos membros do Escritório do Crime – grupo de matadores de aluguel formado por policiais militares da ativa e ex-policiais – na execução de Marielle e Anderson.
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