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Comparação de favelas com Gaza é inevitável. Foto: Eduardo PComparação de favelas com Gaza é inevitável. Foto: Eduardo P

‘Faixa de Gaza’? Temos

Rio tem não só uma mas várias "Faixas de Gaza". Foi o que inspirou Al Jazeera a comparar Gaza às favelas cariocas:

(Rio de Janeiro, brpress) – A ativista Adriana Odara Martins, do grupo feminista Articulação de Mulheres Brasileiras e coordenadora do Movimento Negro Unificado, não pôde esperar o Dia Internacional de Solidariedade com o Povo da Palestina (29/11) para protestar contra o bombardeio de Israel em Gaza. Ela e outros ativistas se reuniram em frente ao Consulado dos EUA, no Rio de Janeiro. Para Adriana, as semelhanças entre as favelas do Rio e a Faixa de Gaza são gritantes por conta de sua própria experiência vivendo na Baixada Fluminense. 

Ambos os territórios e populações são alvo de operações policiais militarizadas e exploradas pelo crime organizado, que às faz de escudo humano. Pobreza, criminalidade, negligência, alta densidade demográfica, violação de direitos… As semelhanças são tantas – especialmente no quesito violência armada – que o Rio tem não só uma mas várias “Faixas de Gaza”. Foi o que inspirou Al Jazeera a fazer uma reportagem comparando Gaza e as favelas cariocas.

“Temos empatia e sabemos o que é viver sob constante violência”, diz Adriana Martins, uma das fontes ouvidas pela rede árabe.

Hospital de guerra

Foi na Faixa de Gaza de Bonsucesso, na zona norte do Rio, que, em 2005, fizemos uma reportagem sobre as baixas dessa “guerra” brasileira, publicada pelo Jornal O Dia, The Independent e San Francisco Chronicle:

Num pernoite no Hospital Geral de Bonsucesso, que recebia feridos por balas de fuzis, como AK-47, a jornalista Juliana Resende, CCO da brpress, autora do livro Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar, descreve a rotina de horrores do hospital e a resiliência de seus médicos, que acabaram se especializando em tratar ferimentos que não ficam atrás daqueles vistos em conflitos reconhecidos como tal internacionalmente – o que não é o caso do Rio da Janeiro, apesar de números de letalidade que rivalizam quando não ultrapassam mortos em guerras, como Bósnia, Ucrânia e Palestina, para citar as mais midiáticas.

Letalidade policial

A polícia matou mais de 6.400 pessoas somente em 2022 no Brasil – 83% delas negras, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Os bombardeios de Israel já mataram cerca de 13 mil palestinos desde o início do conflito, em outubro. 

A Al Jazeera também ouviu um conhecido da produção do documentário Agora Eu Quero Gritar: Cosme Felippsen. Guia do “favela tour” no Morro da Providência. Cosme nos levou ao epicentro da primeira ocupação de escravos libertos da então capital do Brasil transferida de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1763.

“Quase todas as favelas do Rio têm uma área que os moradores chamam de Gaza”, diz Cosme Felippsen. “É a área onde a maior parte dos tiros está concentrada em um determinado momento”.

Segundo Felippsen, que teve um irmão de 17 anos morto a tiros numa das Faixas de Gaza cariocas, “moradores de favelas usam o nome do local há pelo menos 15 anos”. Hoje a Faixa de Gaza de Bonsucesso tem até linha de ônibus adotando oficialmente o emblemático epicentro do conflito israelo-palestino.

Subalternos

Se nas favelas, são os moradores, certamente pobres e geralmente pretos, que sofrem com a violência armada, entre operaçõe da polícia e o “tribunal” do tráfico, em Gaza, palestinos são vítimas da opressão cotidiana pelas forças de segurança de Israel que só faz prosperar o extremismo do Hamas, de cujas atrocidades são reféns. 

“Palestinos e moradores de favelas são comumente vistos como populações racialmente subalternas”, associa Bruno Huberman, professor de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, também ouvido pela rede árabe.

“Ambas as populações são submetidas a guerras infinitas: os palestinos à ‘guerra ao terror’ e os moradores de favelas à ‘guerra às drogas'”, compara Huberman.

“Eles [populações de ambos os territórios] partilham uma história de repressão sistemática, expulsão das suas casas, confinamento em espaços segregados, subjugação e exploração”, explica Huberman à Al Jazeera.

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