
Greve questiona Islândia como ‘paraíso’ da igualdade de gênero
Principal demanda é fim do paygap no país líder global em igualdade de gênero, segundo ranking do Fórum Económico Mundial.
(brpress) – Uma greve de mulheres trabalhadoras, em atividades remuneradas ou não, acontece após quase meio século na Islândia, em outubro de 2023.
A principal demanda é igualdade de gênero no pagamento para todas as profissões – especialmente as domésticas e cuidadoras. Mesmo no país líder global em igualdade de gênero.
“A Islândia tem a responsabilidade de garantir que correspondemos a essas expectativas”, diz Freyja Steingrímsdóttir, uma das organizadoras da greve e diretora de comunicações da Federação Islandesa dos Trabalhadores Públicos (BSRB).
Em 2154
Segundo ranking do Fórum Económico Mundial (FEM), pelo 14.º ano consecutivo estas ocupações ainda são desvalorizadas.
Segundo o FEM, a diferença de gênero no mercado de trabalho pode acabar apenas em 2154, ou seja, daqui a 131 anos.
“O progresso em alcançar a igualdade global de gênero está definhando”, alerta o relatório Global Gender Gap.
A Noruega está em segundo lugar no Global Gender Gap. E o Brasil melhorou de forma expressiva: saiu da posição de número 94, em 2022, para 57, este ano.
Paraíso?
Em algumas profissões, mulheres islandesas ainda ganham 21% menos que os homens, e em mais de 40% delas experimentaram discriminação de gênero e/ou violência sexual – outro fator combatido pela greve.
“Falam de nós, falam da Islândia como se fosse um paraíso da igualdade”, ressalta Freyja ao Guardian. “Mas um paraíso da igualdade não deveria ter essa disparidade salarial”.
Além disso, quase metade das mulheres na Islândia foram vitimas de violência sexual ou de género durante sua vida.

Solidariedade
Até a primeira-ministra islandesa Katrín Jakobsdóttir promete aderir à greve: “Em primeiro lugar, estou demonstrando solidariedade com as mulheres islandesas neste aspecto”, disse ela ao mbl.is.
É a primeira vez que mulheres se unem a transgêneros e não-binários neste movimento. “Lutamos contra os mesmos problemas”, ressalta Steingrímsdóttir.
Tirando o atraso
Com a greve desta terça, algumas mulheres que participaram do ato em 1975 querem cobrar pelas reivindicações não atendidas.
Com o lema “Kallarðu þetta jafnrétti?” (“Chama isso de igualdade?”), o ato é resultado de um movimento popular e conta com a participação de cerca de 40 organizações diferentes.
Interligados
O status das mulheres na sociedade e o seu valor monetário no local de trabalho também parecem estar ligados à violência sexual.
“Estamos tentando ligar os pontos. São duas faces da mesma moeda e têm efeitos um sobre o outro”, acredita Steingrímsdóttir.
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