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Titãs: Encontro vigoroso. Foto: Bob WolfensonTitãs: Encontro vigoroso. Foto: Bob Wolfenson

Titãs mostram que o pulso ainda pulsa

Como tantas canções que hoje soam premonitórias, O Pulso, dos Titãs, caiu como uma luva num Allianz Parque lotado. Por Juliana Resende

(São Paulo, brpress) – 2023 foi um ano intenso no calendário de shows no Brasil, já que a contenção trazida pela pandemia desaguou geral com a segurança trazida pela vacina. Como tantas canções dos anos 80 e 90, que hoje soam premonitórias, O Pulso, dos Titãs, caiu como uma luva num Allianz Parque lotado, em véspera de Natal:

“O pulso ainda pulsa
O pulso ainda pulsa

Peste bubônica, câncer, pneumonia
Raiva, rubéola, tuberculose e anemia
Rancor, cisticercose, caxumba, difteria
Encefalite, faringite, gripe e leucemia…”

Trecho de O Pulso, de Arnaldo Antunes

Nada nem o Cure, no Primavera Sound, surpreendeu tanto quanto os Titãs, na turnê Encontro = Pra Dizer Adeus, que começou para ser apenas 10 shows e, após mais de 20, promete encerrar a megaempreitada no Lollapalooza 2024, que acontece de 22 a 24/03, em São Paulo. Tendo arrebanhado mais de 600 mil pessoas em datas no Brasil e exterior, os Titãs se disseram “$eduzido$” pelo festival.

Falando em festivais, o cofre das atrações internacionais transbordou, enquanto o público desembolsou altas cifras em reais para bancar produções em dólar. A Eras Tour, de Taylor Swift, foi o ápice da histeria pop que levou uma fã à morte, enquanto cantoras nacionais consagradas, como Marisa Monte, demonstraram certa decadência ao vivo fazendo shows em locais totalmente inapropriados, como o Parque Capivari, em Campos do Jordão (SP). 

Encontrlo vigoroso

A brpress assistiu a Encontro em 22/12 e chapou. Além do design de palco primoroso, que deixa alguns shows internacionais e todos os nacionais até hoje vistos por essa reportagem (e foram muitos, desde os anos 80) no chinelo. A banda com seus sete integrantes, menos Marcelo Fromer (1961-2001, representado pela filha, Alice Fromer),  mais o produtor e guitarrista Liminha, como reforço, proporcionou um espetáculo potente e catártico. 

Como os próprios Titãs, o público na faixa dos 60 foi prestigiar o Encontro e cantou junto hinos de uma geração que viveu o fim da ditadura, ascensão e glória do rock brasileiro. São 40 anos desde o lançamento do primeiro álbum, Titãs (1984, sem o “do Iê, Iê, Iê”, que complementava o nome original). com o hits Sonífera Ilha e Marvin – que não estavam no setlist do show a que assistimos. 

Punk e político

O forte de Encontro são músicas das fase mais punk e política dos Titãs, que soam incrivelmente atuais: Estado Violência, Miséria, Diversão, Tô Cansado, Nome aos Bois, AA UU, Desordem e Polícia – introduzida pelo refrão da marchinha Acorda, Maria Bonita, numa alusão à violência policial nas favelas: “Acorda, Maria Bonita / Levanta, vai fazer o café / Que o dia já vem raiando / E a polícia já está em pé.”

Encontro inclui também sucessos mais light, como Família, Flores, É Preciso Saber Viver, Não Vou me Adaptar, Homem Primata e Bichos Escrotos  para deleite da plateia incluindo famílias, crianças e velhinhos, aqueles que eram adolescentes quando a banda estourou. O reportório é impecável, embora o show seja longo demais, esbarrando em três horas. 

Sem tédio e sem fim

O adeus é demorado, mas não há tédio. Ao contrário, o vigor do octeto – incluindo a rouquidão crônica de Branco Mello, que enfrentou um câncer na laringe e recentemente passou por uma cirurgia para retirada de um tumor na língua, mas canta algumas músicas – impressiona.

Os Titãs conseguem estabelecer uma relação de proximidade e cumplicidade com o público, muito devido aos telões verticais de altíssima definição que emolduram o palco proporcionando visão plena dos caras por toda a arena. Vemos detalhes, expressões, instrumentos e figurinos que são a cara de cada integrante. 

Estrutura e acesso confortável ao Allianz Parque contribuiu com atmosfera de celebração no show
Encontro, dos Titãs.Foto: Juliana Resende

O clima é de celebração, gratidão e intensa identificação com São Paulo na busca pela excelência e profissionalismo em tudo. Assim o Encontro acontece, do começo ao fim. Desde o acesso ao Allianz Parque, que se integra com a estrutura de alimentação, serviços e estacionamento do Bourbon Shopping, com conforto e fluidez pouco vistas em outros espaços explorados pelo showbiz brasileiro

 Que venha o último Encontro e a derradeira despedida, no desajeitado Autódromo de Interlagos. Veremos se a banda e o público estão preparados para dizer adeus.

(Juliana Resende, brpress)

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Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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